domingo, 14 de setembro de 2014

Mais uma dica de Bolso Esperto. Desta vez um belo Rioja!


Claro que todos nós preferimos vinhos feitos com carinho, de forma artesanal, por pequenas vinícolas familiares, em minúscula produção; mas pessoalmente não tenho nada contra vinho industrializado, com tanto que seja bom, e, sobretudo, barato. Este é o caso do vinho de hoje, um vinho para o dia-a-dia, que entrega uma boa qualidade para um preço mais do que justo.

Antaño Crianza 2010. A linha pertence ao grupo Garcia Carrion, líder espanhol na produção de sucos (Don Simon) e vinhos. A casa produz em várias denominações e possui marcas bem conhecidas, como Pata Negra, Jaume Serra, Senorio de los Llanos, Solar de la Veja, entre outras).
Embora tenha produções numericamente monstruosas, a vinícola consegue pontualmente uma boa qualidade e coleciona inúmeros prêmios. Especificamente, a 
Antaño ganhou o titulo de melhor vinícola espanhola na Vinitaly 2011 e este mesmo vinho ganhou várias medalhas em concursos internacionais. Sabemos que prêmios deste tipo também são muito poucos indicativos, pois para cada concurso são centenas e centenas de premiados e categorias, e nem sempre uma medalha corresponde a um vinho muito bom; por outro lado sabemos que pelo menos não é ruim.

Este aqui pode não ser muito bom em termos absolutos, mas se torna sendo no momento em que o seu Bolso Esperto pede atenção: paguei R$ 29 pela garrafa (que ainda veio numa lata cilíndrica de alumínio) e certamente vale mais que isto.

De denominação Rioja, é um corte de Tempranillo, Mazuelo, Graciano e Garnacha, e como é um Crianza, significa que maturou pelo menos 12 meses em barricas de carvalho (neste caso 50% francesa e 50% americana).
O ataque no nariz começa morno, mas devagar ganha intensidade, com aromas de bosque e terra molhada, com notas frutada. No palato tem um corpo médio e uma boa estrutura, com uma textura um pouco porosa, mostrando um toque de rusticidade que pessoalmente me agrada. Bastante equilíbrio entre fruta, acidez, taninos, madeira e álcool.

Pelo preço é um tinto para o dia-a-dia, mas ouso em dizer que não faria feio também num momento um pouco mais importante.

Importado por: Vinoteca


sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Good news from Napa e um vídeo sobrevoando os estragos do terremoto

Boas notícias para o wine-biz de Napa Valley, Califórnia: como forma de ajuda para uma mais rápida recuperação dos danos subidos pelo forte terremoto (6° grau da escala Richter) que recentemente atingiu a região, o TTB (Alcohol and Tobacco Tax and Trade Bureau, órgão público que cuida dos impostos nas bebidas alcoólicas), aprovará uma série de normas voltadas a aliviar a carga tributária das empresas afetadas.

O TTB não vai poder ajudar sobre danos a estruturas (que podem chegar a 1 bilhão de dólares!), mas pode permitir os reembolsos de impostos já pagos sobre os produtos perdidos como efeito do terremoto, ou até cancelar taxas posteriores. E isto vale tanto para os produtores quanto para os comerciantes.

O vídeo abaixo foi realizado com um drone sobrevoando a cidade de Napa, e nos da uma idéia clara dos efeitos do terremoto: cerca de 50 prédios inabitáveis​​, mais de 100 danificados. Logo a seguir veja também algumas tristes imagens de vinhos e instalações perdidos.
























quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Bye bye Amarone. Pior safra de sempre poe em risco a produção!

Este de 2014 será lembrado como o ano mais chuvoso dos últimos cem anos no norte da Itália, e, consequentemente, uma das piores safras de sempre. Piemonte e Lombardia foram atingidos em medida menor, mas é particularmente nas regiões do nordeste da península que o tempo foi demasiadamente cruel: Trentino, Friuli, e sobretudo, Veneto.

Faltando poucos dias para a colheita os dados são claros: as condições meteorológicas foram um desastre para os vinhos. Chuvas muito acima da média, temperaturas muito abaixo, granizo e poucas horas de luz para a planta são motivos suficientes para entender que para os viticultores este é um ano para esquecer de pressa.

Alguns já começaram a colher, outros nem vão começar: muitas plantas apresentam podridão (infelizmente não nobre) e doenças, e até aonde as uvas parecem bonitas de fato são pobres de açúcar, portanto sem um mínimo potencial de álcool para produzir.

Para quem decidir produzir, o papel do enólogo será fundamental como nunca: para manter uma qualidade aceitável ele terá que fazer grandes alquimias, como enriquecer o mosto, e outros trabalhos tecnológicos que provavelmente levarão a um aumento do preço do pouco vinho disponível.

A produção de Prosecco e de toda a Valpolicella terá notáveis prejuíços, mas os o mais afetado será o Amarone, ícone da região (cuja vinificação depende exclusivamente da perfeita maturação das uvas, que passam depois por um processo de passificação).

O Consórcio de proteção dos vinhos de Valpolicella decidiu baixar de 50% para 35% a cota de uvas destinadas a passificação para a produção de Amarone e Recioto, mas muitos se perguntam se não seria o caso de tomar uma decisão mais corajosa, mas talvez mais oportuna, renunciando totalmente a produção de Amarone para este ano. Por exemplo, a vinícola Bertani, uma das mais tradicionais da região, já resolveu não produzir seu Amarone Classico 2014, para coerência ao próprio estilo e em respeito ao consumidor.

Outros produtores vão definir nestes dias. É claro que uma renuncia custa dinheiro, mas por outro se ganharia em credibilidade, mostrando para o mundo que o Veneto preza muito a qualidade de seus vinhos.





domingo, 7 de setembro de 2014

Custo/benefício: um dos melhores Bolsos Espertos de sempre!


Este novo lançamento me foi apresentado no Cantu day, primeiro road-show da homônima importadora paulistana, e me deixou impressionado positivamente. Seja claro que estamos falando de um vinho jovem, para o dia-a-dia, mas posso dizer que na minha modesta opinião, oferece um das melhores relações preço/qualidade do mercado.

Chilano é o nome da linha que a Viña Ventisqueiro produz para vinhos de entrada, destinados à grande distribuição (leia-se: redes de supermercados). Conforme conversa com Sergio Pina Herrera, representante da marca no Brasil, este é o vinho chileno mais vendido na Europa e chega aqui no Brasil em versão Cabernet Sauvignon (por enquanto, sendo que a linha incorpora outros varietais) para competir com os “Reservados” da vida.

O Chilano Cabernet Sauvignon 2013 é previsivelmente um tinto simples e despretensioso, mas comparado com seus maiores concorrentes diria que atropela os demais. Perfumado e intenso no nariz (cerjas e amoras e algo terroso), mostra uma complexidade acima do esperado, um corpo leve, mas com adequada estrutura. Boa acidez e taninos macios completam o quadro. Fácil de beber, mas quem espera um bajulador final adocicado vai se surpreender com um retrogosto levemente amargo, que o deixa com uma agradável carinha de velho mundo e perfeito para gastronomia.
  
Tudo isso pela bagatela de R$ 19,00.


P.S. Aqui no Rio de Janeiro vai ser encontrado nos supermercados Guanabara.


terça-feira, 2 de setembro de 2014

Sting quer te contratar para trabalhar em sua vinícola, mas quem paga é você!

Pere aí, não entendi...aqui estamos revertendo o conceito fundamental do trabalho: a idéia é de trabalhar para ser remunerado e não pagar para trabalhar. Mas se você se chamar Gordon Matthew Thomas Sumner, Sting para os demais, pode se dar ao luxo de ser pago para outros trabalharem para você.  

Não basta ter fundado uma banda legendária como The Police e escrito centenas de músicas memoráveis; não basta ter ganho 16 prêmios Grammy; não basta se vangloriar para horas de sexo tântrico, ter uma esposa bonita e propriedades de todo respeito. Nem basta ter a idade do meu pai, mas menos rugas que o meu sobrinho.

Não, Sting quer mais. Somente seu último tour rendeu 358 milhões de dólares, mesmo assim não se contenta com os frutos da sua carreira, mas quer cobrar mesmo pelos frutos de verdade. E agora está determinado mais do que nunca em transformar Il Palagio, sua propriedade na Toscana do século 16 (comprada em estado de abandono) em negócio. No ano passado começou a alugar uns cottages dentro da propriedade por U$ 10mil por semana e agora vai cobrar os trabalhadores da colheita. Já você que é um Zé Ninguém deve agradecer a oportunidade de desembolsar 260 euros por dia pelo privilégio de colher uvas e azeitonas nos terrenos do astro.

No momento no Il Palagio a rockstrar produz vinhos orgânicos e biodinâmicos (com inspiradores nomes de umas das musicas do cantor: Message in a bottle, Sister Moon, When we dance), azeites e mel. 

Mas quem pensa que o célebre cantor seja um capitalista egocêntrico está enganado: depois de um dia de colheita os trabalhadores serão convidados a degustar os vinhos da propriedade, incluindo o citado Message in a bottle, um Sangiovese de 15 euros que oferece “um complexo aroma de cerejas, amoras e especiarias”. Que generosidade.