quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Faça seu vinho em casa em 3 dias! Com a maquina dos milagres!

O slogan não é definitivamente entre os mais atraentes, sobretudo para quem tem uma imagem tradicional do vinho, mais romântica e bucólica: “Juntamos a tecnologia da Silicon Valley com a competência enológica de Napa”. Tudo bem, a tecnologia do Vale do Silício é o que esta permitindo que eu escreva este post e que você o leia. Já falando em competência enológica, a Califórnia não é certamente o primeiro nome que vem a cabeça, digamos que é “matter of tastes”. De qualquer forma “The Miracle Machine”, clara referencia bíblica ao milagre da transformação da água em vinho, promete que você consiga produzir seu próprio vinho em casa, em 3 dias.
Esqueça qualquer tipo de vinificação que você tenha visto, estudado ou praticado, este é um vinho 2.0, feito num eletrodoméstico de cozinha tecnológico, controlado através de um aplicativo para smartphone.
Mas como funciona? Em breve, você compra os ingredientes na Amazon: concentrado de uva, leveduras e um indefinido sachezinho de “ingredientes finais”, os coloca no apetrecho, escolhe no seu celular o estilo de vinho desejado e daí, através de conexão bluetooth começa a produção. O resultado final é um vinho que te custou 2 dólares mas que, de acordo com os inventores da maquina dos milagres, no mercado custaria cerca de 20$. Mas cuidado, uma vez engarrafado, o vinho só poderá ser conservado para 1-2 semanas. Quero mesmo ver uma espécie de noveau instável com 10 dias de vida pra frente a venda por 20 dólares no mercado...

Enfim, pessoalmente sou um pouco cético, gostaria de provar, mas consigo também viver sem. E você, acredita em milagres?




segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Um bom vinho para dias de calor: Vermentino di Sardegna

Você já deve ter ouvido falar da uva Vermentino. Suas origens não são bem definidas, mas de fato é considerada como uma casta típica da Itália, embora seja cultivada também em França, Espanha e Portugal. No território italiano é bastante conhecida na Toscana, na Ligúria (onde é chamada de Pigato) e Piemonte, mas sua crescente fama é diretamente ligada à ilha da Sardenha, onde tem seu habitat natural: ali clima e solo proporcionam brancos bem secos, mas macios, aromáticos e elegantes, geralmente leves, mas podendo também alcançar grande complexidade e estrutura.

Se ainda não conhece a casta, uma boa dica para começar é o Vermentino de Sardenha D.O.C. de Sella e Mosca. A vinícola é uma das mais importantes da região (senão a mais importante) e produz vários brancos a partir desta casta; a importadora brasileira traz somente dois deles (outro é o Monteoro Vermentino di Gallura D.O.C.G.), de qualquer forma o vermentino “básico” do Sella e Mosca é um bom ponto de partida para explorar e apreciar o frescor e a aromaticidade da casta.

Recentemente provei um 2010: embora não mais novíssimo, conserva ainda fruta e brilho. Perfumes de flores de campo, pêssego, abacaxi e maça, com leves notas cítricas e herbáceas. Na boca é seco e refrescante devido à sua natural alta acidez, equilibrado, e com um agradável final frutado. Perfeito para o nosso verão, também em virtude do baixo álcool (12%).

Companheiro ideal para frutos do mar, peixes leves e aperitivos.


Vinho:
Vermentino di Sardegna D.O.C.
Safra:
2010
Produtor:
Sella e Mosca
País:
Itália
Região:
Sardegna
Uvas:
Vermentino
Alcoól (Vol.)
12%
Importadora:
Interfood
Custo médio:
R$ 60,00





quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Almoço queijos e vinhos franceses CNIEL. Espetáculo!



Convidado pelo CNIEL - Centro Interprofissional da Economia Leiteira da França, semana passada tive o privilégio de participar do almoço de imprensa “Queijos da França” evento de lançamento da campanha “Queijos saborosos – Momentos prazerosos”, voltada a popularizar ainda mais o consumo destas iguarias francesas, já de fato presentes nas mesas dos brasileiros.
O evento exclusivo para imprensa e para um seleto grupo de profissionais do setor, aconteceu no templo da gastronomia francesa no Rio (e talvez no Brasil inteiro), o restaurante Le Pré Catelan, e constou de 3 etapas: uma degustação de queijos, uma palestra / apresentação e um almoço especialmente elaborado pelas habilidosas mãos do chef Rolland Villard, verdadeira autoridade quando o assunto é alta gastronomia internacional.

A mesa de queijos, lindamente preparada e decorada, ofereceu verdadeiras delicias, umas já facilmente disponíveis em lojas e supermercados, outras que ainda vão chegar.
Velhos conhecidos como Brie, Camembert, Emmental se opuseram a Brillat Savarin, Grand Mogol (este dois os meus favoritos do dia), Comté, Cantal, Coulomiers, Gratte-Paille, Bleu d’Auvergne, entre outros. Acompanhados por paezinhos de vária natureza e pelo sempre impecável espumante nacional Cave Geisse Brut.

A seguir, fomos convidados a sentar ao longo da mesa do lindo salão, onde a Caroline Putnoki, da Sopexa, e Laurent Damiens, diretor da CNIEL nos apresentaram oficialmente a Entidade e os queijos. Descobrimos que na França existem mais de 300 diferentes tipos de queijos, ma que oficialmente são 44 de Denominação de Origem Protegida e 4 de Indicação Geográfica Protegida; mas tem muitos outros não classificados. Ao longo da conversa os contrastes das duas culturas foram evidentes: por exemplo, o Comté, pouco conhecido por aqui, é o queijo mais popular na França; também é interessante relevar que enquanto os brasileiros gostam das cascas frescas e branquinhas dos queijos moles, os franceses acham que quanto mais escura e mofada, tanto melhor; ou também lembrar que eles costumam comer queijo no final das refeições antes da sobremesa, já por aqui é servido frequentemente como entrada ou às vezes é a própria refeição.  Mesmo assim foi demonstrado que os diferentes hábitos e gostos podem tranquilamente coexistir, adaptando alimentos e paladar de acordo com a ocasião.

O almoço servido em seguida foi simplesmente espetacular. O chefe Villard soube utilizar com maestria os queijos a disposição balançando com os outros ingredientes e o resultado foi brilhante (veja mais detalhes nas fotos abaixo).
Os vinhos servidos também não ficaram atrás, aliás, agregaram muito valor. Especialmente, fiquei encantado com o branco Château Coquillas 2011, um Bordeaux da comuna de Pessac-Leognan. Um festival de aromas e sabores: corte de Sauvignon Blanc predominando (70%) e Semillion (30%) proporcionou perfumes de abacaxi, melão, notas defumadas, mel, damasco; com muita presença de boca, seco e com grande acidez e longo final amanteigado. Produzido pelo Bernard Thomassin, é certamente um dos brancos mais interessantes provados ultimamente.

O tinto que acompanhou o prato principal também foi um Bordeaux, o Château Gachon Les Petits Rangas 2008, de Saint-Emilion. Predominância de Merlot (70%), cortado com Cabernet Franc (20%) e Cabernet Sauvignon (10%) procedentes de um vinhedo único de 35 anos de idade. Nariz e palato típicos da região, com muita fruta negra, alcaçuz, notas terrosas, grama molada, taninos firmes e finos. Acidez obviamente alta e final de média persistência. Também foi uma boa descoberta pra mim.



Os dois vinhos são importados pela Tastevin.


Evento certamente memorável em todos os sentidos. Confira mais fotos a seguir.