terça-feira, 31 de dezembro de 2013

O Vinho do Ano pelo MondoVinho. And the winner is...

Fim de ano é, como sempre, época de balanços: todos publicando a lista dos melhores, dos piores, dos médianos...Enfim, quem acompanha o MondoVinho sabe que o autor não gosta de publicar listas pessoais. Nada contra quem as faz, simplesmente não consigo imaginar reduzir centenas de vinhos degustados ao longo do ano num elenco mínimo classificado ordenadamente... o risco de ser injusto seria muito alto. Mas, como eu sei que os leitores gostam de uma avaliação “definitiva”, vou seguir o mesmo caminho do ano passado, indicando um único vinho, aquele que mais me marcou em 2013.

Seja claro que não necessariamente pra mim este é o melhor vinho do ano, simplesmente é o primeiro que veio a minha cabeça, talvez porque tomado recentemente, talvez porque tomado em companhia de amigos, ou talvez porque mil outras coisas. Fato é que o Trebbiano d’Abruzzo do Valentini é um baita vinho.

Inclusive é um dos mais falados dos últimos tempos, eleito melhor vinho da Itália por vários guias e concursos (superando até os tintos!), e realmente este moleque aqui é um fora de série.

A Trebbiano é a casta branca mais plantada e uma das menos expressivas da Itália, normalmente produzindo vinhos pro dia-a-dia bem simples. Mas a mesma uva engarrafada por Valentini alcança níveis extraordinários de qualidade, complexidade e longevidade. Como ele faça seja talvez um dos segredos mais bem guardados do mundo do vinho, o que podemos dizer é que os vinhedos são antigos, o cultivo é orgânico, a fermentação é longa e o mosto estagia em carvalho por um bom tempo.

Provei recentemente um 2009. O vinho poderia ser decantado, mas preferimos acompanhar a evolução na taça. O nariz é espetacular e infinito: cedro, limão, pêssego, casca de laranja, caramelo, umas notas de açafrão. Na boca confirma todas estas sensações, mais algumas (tipo um sal marinho e notas ferrosas) num corpo delicado. Acidez fantástica e final longuíssimo. O álcool é super-civilizado (12%) e a madeira é apenas um sopro. Consegue ser opulento, mas ao mesmo tempo elegante. Uma obra prima, que qualquer enófilo deveria provar. Pena o preço, definitivamente pouco acessível (R$ 516).

Feliz ano novo a todos os leitores e amigos do MondoVinho!

Um brinde!




Vinho:
Trebbiano d’Abruzzo
Safra:
2009
Produtor:
Valentini
País:
Itália
Região:
Abruzzo
Uvas:
Trebbiano
Alcoól (Vol.)
12%
Importadora:
Decanter
Custo médio:
R$ 516,00

sábado, 28 de dezembro de 2013

Chegou a invenção do ano! Imperdível!


E quando você acha que viu de tudo dentro das invenções de acessórios mais idiotas bizarros do mundo do vinho, aí chega a surpresa do ano, para fechar o 2013 em grande estilo.
Estou verdadeiramente impressionado diante de mentes tão iluminadas. Olha que a Krug é a minha maison de Champagne preferida, mas depois desta perdeu parte da minha admiração.
Estes gênios do marketing da casa inventaram um utilíssimo auscultador de borbulhas, em dotação no kit de fim de ano. Indispensável, eu diria, para poder curtir plenamente a sua degustação sensorial. Você coloca o apetrecho na taça e curte a trilha sonora da imbecilidade...

P.S. pergunta: melhor se fizer mais ou menos som? Surge assim um novo descritor, e vamos agora discutir sobre a elegância sonora. Ma per favore! 




terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Meu desejo para este Natal




É claro que desejo que todos vocês comemorem o Natal com um grande vinho, e tenho certeza que muitos de vocês vão brindar com uma bela garrafa. Mas não esqueça que o vinho não pode em momento algum se tornar parte principal do convívio: ele é um meio de agregação e não o protagonista na frente de nós, vamos deixar isto para os enochatos.
Portanto meu verdadeiro desejo é que você passe esta data especial em companhia das pessoas que mais ama, em paz e alegria. No matter wine or food.

Feliz Natal

sábado, 21 de dezembro de 2013

Curso de férias na ABS

Post Patrocinado 

Um curso destinado àqueles que querem aprender um pouco mais sobre o universo dos vinhos, mas não dispõem de muito tempo. Na ABS-Rio. Veja mais detalhes a seguir: 

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Com o objetivo de propiciar um curso compacto, que contemple os conhecimentos dos Cursos Básico e de Degustação, a Associação Brasileira de Sommeliers (ABS-Rio) realiza, entre os dias 6 a 17 de janeiro, na Sede do Flamengo, e entre os dias 13 a 27 de janeiro, na Barra, de segunda a sexta, o seu Curso de Férias. O Curso é direcionado principalmente aos que, muitas vezes, não podem dispor de 14 semanas para a realização dos Cursos Básicos e de Degustação, ou ainda para antigos sócios, que queiram fazer uma reciclagem.

1ª aula - Origem e disseminação da elaboração do vinho. Produção e consumo. O vinho no Brasil. Fatores que influenciam a qualidade dos vinhos: clima, solo, casta e tecnologia. Plantio. Cuidado com as videiras. Principais castas viníferas. O vinho e a saúde.

2ª aula - Vindima. A cantina. Elaboração de um vinho branco. Elaboração de um vinho tinto. O papel das barricas de carvalho. As rolhas.

3ª aula - Elaborações especiais. Vinhos rosé. Vinhos doces fortificados - Porto, Madeira, Jerez e outros. Vinhos doces não fortificados. Elaborações regionais específicas. Destilados do vinho.

4ª aula - Elaboração de espumantes. O champagne. Os métodos de elaboração. Os espumantes nacionais. Outros espumantes: Crémant, Mousseux, Sekt, Cava, Espumanti, Sparkling. O serviço dos espumantes.

5ª aula - A degustação dos vinhos. Análise sensorial - aspectos visuais, aspectos olfativos.

6ª aula - A degustação dos vinhos. Análise sensorial - aspectos gustativos. Amadurecimento e envelhecimento. Evolução dos atributos do vinho. Uso da ficha analítico-descritiva.

7ª aula - Harmonização entre vinhos e comidas.

8ª aula - Panorama dos vinhos do mundo. Velho Mundo. Histórico, legislação, características.

9ª aula - Panorama dos vinhos do mundo. Novo Mundo. Histórico, legislação, características.

10ª aula - O serviço dos vinhos - ordem de precedência e temperatura de serviço. A ordem do serviço à mesa. Copos, garrafas, decanters e outros instrumentos usados no serviço do vinho.

SERVIÇO CURSO DE FÉRIAS:

ABS-RIO Flamengo
Data: 06 a 17 de segunda a sexta
Local: Associação Brasileira de Sommeliers do Rio de Janeiro
Endereço: ABS-Rio Flamengo. Praia do Flamengo 66 bloco 2 sala 311
Informações: (21) 2285-0497
Horário: De 19h15 às 21h45
Valor do curso: R$ 840,00 mais R$ 20,00 de taxa de inscrição
Vagas limitadas.

ABS-Rio Barra
Data: 13 a 27 de segunda a sexta
Local: Associação Brasileira de Sommeliers do Rio de Janeiro
Endereço: ABS-Rio Barra. Via Parque Offices- Av. Ayrton Senna 3000 bloco 2 sala 210 - Barra da Tijuca.
Informações: (21) 2285-0497
Horário: De 19h15 às 21h45
Valor do curso: R$ 840,00 mais R$ 20,00 de taxa de inscrição

Vagas limitadas.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Os 5 melhores vinhos da Itália de 2013 (a lista mais confiável de todas!)

Vocês já conhecem as minhas considerações sobre as listas de melhores vinhos do ano (se não conhece, veja aqui aqui). Resumidamente se trata de marketing e politicagem. Pessoalmente nem publico mais as famigeradas listas de Wine Spectator e Cia., vocês as vão encontrar em qualquer outro blog de vinhos, não aqui, sorry: aqui prezamos a originalidade.
Por exemplo, indo para as listas italianas (já notaram que este blog é levemente Italy-oriented? Será por que, hein?), tem uma que considero particularmente interessante, a da WineNews : pois esta lista compara e cruza os resultados das listas dos melhores vinhos do ano das principais publicações da Itália (Gambero Rosso, Ais-Bibenda l’Espresso,  Slow Food,  Veronelli e Luca Maroni).

Confira aqui os resultados, eis a TOP 5 de 2013:

1) Barolo Villero Riserva 2006 Vietti
2) Bolgheri Sassicaia 2010 Tenuta San Guido
3) Brunello di Montalcino Riserva 2007 Biondi Santi
4) Il Caberlot 2010 de Il Carnasciale
5) Primitivo di Manduria Es 2011 Gianfranco Fino

Enfim, pode até ser contestável, fato é que pelo menos é imparcial, pois junta as opiniões de 6 diferentes orientações editoriais e de centenas de degustadores.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

11 presentes de Natal para surpreender!

Aqui no MondoVinho, nos anos passados você já aprendeu a comprar presentes de Natal para os enófilos mais ou menos exigentes (veja aqui, ou aqui ou aqui). Já se agora quiser surpreender (não necessariamente em sentido positivo), segue aqui a lista elaborada para este ano com 11 produtos selecionados around the world.
Enjoy!









1)Breathalyzer (Brookstone)
O bafômetro pode salvar sua vida, ou sua carteira, ou ambos. Você que gosta de tomar umas taças e depois se arrisca em dirigir, deveria ter um destes etilômetros portáteis sempre no seu carro. Depois não diga que não avisei.



2)Champagne Ninja (Amazon)
Se estiver familiarizado com Sabrage, a nobre arte de abrir Champagne com uma espada, eis a faca que você sempre sonhou. Muito útil também para harakiri, salame italiano e reuniões de condomínio.



3)Kit para piquenique (Brookstone)
Nada mais que uns apoios para garrafas e taças: se o kit viesse junto com um dispositivo afasta-insetos seria a invenção do século, mas não pode se ter tudo, né?



4)Fish Areator (Luxdeco)
Se você gosta de peixe e frutos do mar, este é o seu presente vínico. Mas se seu vinho depois apresentar aromas estranhos não culpe o aerador.


5)Balde romântico (L’Atelier du Vin)
Jantarzinho a luz de vela, um Champagne na mesa e um toque de classe que vai te entregar para a história: o balde de gelo com um vão porta-flores. Nenhuma mulher vai mais te resistir daqui pra frente.


6)Wine Partner (L’Atelier du Vin)
Uma mistura entre um computador e uma balança, o apetrecho é o instrumento ideal para quem quiser controlar o álcool ingerido durante um jantar, por exemplo, ou em um determinado período. Calcula também as calorias, assim, só para ficar mais tranqüilos.



7)Decanter Riedel Mamba (Macy’s)
Bonito, com certeza. Cenográfico, sem dúvida. Útil também, pelo amor de Deus. Com este decanter em formato de serpente você vai impressionar todos seus amigos. Só tenho umas perplexidades sobre a praticidade na hora da limpeza (solução: se tiver banheira de hidromassagem, jogue a cobra dentro e acione o jato máximo).



8)Saca-rolha para preguiçosos (Wine Enthusiast)
Se estiver se sentindo gripado e sem energia, mas ainda com vontade de tomar um vinhozinho, agora vai te bastar somente apertar um botãozinho e esta engenhoca faz tudo sozinha: retira a rolha da garrafa e mede a temperatura do vinho, e talvez até a sua.


9)Saca-rolha para os hiper-ativos (Wine Enthusiast)
Já se você é o contrário da categoria anterior, com este saca-rolha pode mostrar que é um verdadeiro macho. Mas com estilo e gosto vintage para coisas à moda antiga.



10)Etiquetas para pescoço (de garrafa, é claro)  (L’Atelier du Vin)
Se você tiver uma daquelas adegas em que consegue andar ou até fazer uma festa, não pode viver sem estas coleiras para garrafas. A sua adega é subterrânea? No problem, elas são em papel anti-mofo.


11)Chateau Margaux
Não é moderno, nem tem design arrojado. Mas é um tipo de presente que pessoalmente gostaria de receber. Poxa, depois de todas estas dicas imperdíveis, bem que vocês poderiam agradecer fazendo uma caixinha pra mim, cadê o espírito natalino?!?! Escolham vocês a safra, eu sou um cara sem frescura.





Para outras sugestões de presente de Natal, veja também:

10 presentes de Natal “eno-lógicos” a partir de R$ 5,00


Que vinho presentear no Natal? 5 regras para não errar


6 presentes de Natal diferentes




quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Como entrar numa loja de vinhos sem parecer totalmente despreparado

Os mais atentos devem ter notado que estamos em dezembro J e que o Natal se aproxima inexoravelmente. Para muitos, esta a época do ano para entrar numa loja de vinho, para comprar um presente ou para se presentear com um rótulo sério. Talvez alguém faça isto pela primeira vez, querendo finalmente sair do túnel dos vinhos de supermercado e/ou procedência obscura.

Se você pertence a esta categoria não se preocupe: ninguém é obrigado a conhecer sobre vinho, sobretudo se não for um consumidor assíduo. Mas se quiser evitar pagar mico aqui segue uma pequena lista de erros comuns que podem irritam o vendedor. Naturalmente me estou referindo a vendedores profissionais preparados e competentes (são poucos, mas existem!).

1) Pedir um “Champagne francês” não vai deixar você exatamente com uma aparência de competente. Champagne é só e exclusivamente francês: o nome vem de uma região da França. Portanto não existe champagne italiano, espanhol, ou de outra nacionalidade. Já se quiser se referir ao tipo de vinificação, pode então pedir um espumante champenoise, ou método clássico (técnico demais, né?)

2) Ficando no assunto: se fala “o” Champagne, “um” Champagne. Vinho é masculino, então por que você continua obstinadamente dizendo “a” e “uma” Champagne?

3) Não comece com: “O ano passado você me vendeu...”! Primeiro porque inevitavelmente vai ser classificado como cliente que compra vinho uma vez por ano, e segundo, você acha mesmo que o cara se lembre da sua compra do ano passado?

4) “Pera , que pergunto”. Este cliente escuta a dica do vendedor e no final pega o celular e liga para um amigo “entendido” para confirmar. Isto pode realmente deixar o vendedor bem chateado. Ademais fica bem feio pra você, pois mostra que além de não confiar na pessoa na sua frente, você não confia nem em você mesmo. A subcategoria: “Pera ai, que pergunto para minha esposa” já é digna de maior pena simpatia...

5) “Não me faça gastar muito”. Esta técnica não faz sentido. Você é o cliente (portanto tem sempre razão) e já sabe quanto quer gastar. Então por que não anunciar logo a quantia em orçamento? Exemplo de uma correta abordagem: “Tenho que comprar um presente, mas não gostaria de gastar mais de 150 reais” (por exemplo). De qualquer forma tenha em mente que, embora existam rótulos de boa relação preço/qualidade (veja aqui a coluna Bolso Esperto), dificilmente um vinho abaixo de R$ 50 vai ficar na memória do destinatário do presente, sobretudo se ele for um enófilo de carteirinha. No caso, aposte em outro presente (tipo, seilá, um chaveiro).

6) “Estou procurando um vinho muito bom, não lembro o nome, mas posso dizer que tem um rotulo branco...é Chileno...ou Argentino, talvez”. Parece piada, mas eu assisti a cena pessoalmente. Despensa comentários, né?

7) “Não gosto de Merlot” (ou de Malbec, Sauvignon Blanc, Carmenere, ou qualquer outra uva). Ai você está praticamente entregando seu desconhecimento. Se o vendedor for mau ele vai te perguntar “qual é o último Merlot que o senhor provou?” (portanto ensaie uma resposta antes, pois ficar mudo vai automaticamente condenar a sua irresponsável declaração anterior. Já se o vendedor for muito mau, ele dirá: “imagino que o senhor já provou todos os Merlot produzidos no mundo”. Tanto a primeira quanto a segunda objeção do vendedor significam que o Merlot dele é capaz de te fazer mudar de idéia. Vire o jogo driblando: “interessantes as suas dicas, ficaria horas escutando, o que mais tem para me propor?” Pronto, agora é você quem ganhou.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Harmonizaçoes de fim de ano


As festas de fim de ano se aproximam, as grandes farras na mesa também, e nestas ocasiões, mais do que nunca, todo mundo faz questão de abrir uma garrafa de vinho. O que acontece, porém, é que nem sempre o vinho escolhido é o mais indicado para aquele prato, e a combinação acaba estragando os dois (comida e vinho). Portanto, a agência de comunicação Documennta, sempre atenta as questões vínicas, preparou e me enviou um “dossiê”, no qual algumas eminentes personalidades eno-gastronômicas cariocas dão dicas de harmonizações (cabe até cerveja). Confira abaixo:

Harmonização de vinhos com pratos típicos das festas de fim de ano


Para Ricardo Farias, presidente e professor da Associação Brasileira de Sommeliers (ABS-Rio), uma ótima opção para acompanhar a grande variedade de pratos nas festas de final de ano é um espumante brut, branco ou rosé, servido a baixa temperatura em torno de 8 graus centígrados. Segundo ele, a bebida cai bem com as carnes brancas e com frutas. “Para quem não quiser gastar com champanhe, uma boa dica é que podemos encontrar facilmente nas lojas especializadas e em supermercados, uma variedade grande de espumantes nacionais de ótima qualidade, com excelente relação custo x benefício”, ensina Ricardo.
Se o tradicional bacalhau vier desfiado, o vinho deve ser tinto seco e frutado, com pouca tanicidade. Como exemplos, Ricardo sugere um português da uva Tinta Roriz ou um Merlot nacional. Já se o bacalhau vier em postas, a melhor combinação seria com um vinho branco seco, de bom corpo, como os portugueses da variedade Bical, do Dão ou da Bairrada,  ou um Chardonnay dos melhores produtores da argentina, do Chile ou do Brasil.
Se o prato principal for o clássico peru de natal, ele sugere um vinho tinto seco maduro, como um Borgonha tinto ou o Pinot Noir californiano, do Oregon, ou ainda um chileno, de Casablanca ou um da Nova Zelândia.
Tratando-se do tradicional pernil de presunto, o presidente da ABS-Rio dá a dica: “O vinho deverá ser tinto seco frutado, como o Malbec argentino ou o Merlot nacional”.
Para uma sobremesa doce com ingredientes típicos de natal, como damasco, tâmara, nozes ou avelãs, a dica de Ricardo são os vinhos Jerez Oloroso, Madeira Malmsey ou um Porto Tawny.
O professor diz ainda que, se a sobremesa for a tradicional rabanada, o vinho deve ser branco doce, denso e aromático. Como exemplos, ele sugere o Moscatel Colheita Tardia, o Moscato di Pantelleria e o Vin Santo Toscano. E para o panetone, uma harmonização clássica é o Asti Espumante, que apresenta doçura e pouca alcoolicidade.
Para finalizar, Ricardo chama atenção para duas observações práticas:
1 - Lembrar sempre que a harmonização pressupõe o realce dos dois, bebida e comida;
2 – Não esperar harmonização nas festas de final de ano, no sentido restrito. Afinal, é festa! Basta que o vinho não seja um inimigo da comida, como no caso de um tinto com camarões no vapor.

Sócio e sommelier dos restaurantes Bottega del Vino, Duo e Uniko, Dionísio Chaves tem indicações certeiras para quem quer harmonizar pratos típicos das ceias natalina. Para acompanhar receitas com peru, a boa pedida é o Prunotto Dolcetto D' Alba 2010. Para pratos à base de bacalhau, o rótulo sugerido é o Herdade do Peso Colheita 2010. “Quem quiser degustar com o tradicional tender, escolha o Rue de Beaujolais Morgon”, recomenda Dionísio. Já para apreciar receitas de doces tipicamente natalinos, como o panetone e a rabanada, a dica do sommelier é o vinho do Porto Tawny. Todas as sugestões estão disponíveis nos três restaurantes de Dionísio, que, recentemente, assumiu o título de embaixador do Beaujolais no Brasil.

O chef executivo da Cavist, Airton Aragão, recomenda alguns rótulos que harmonizam bem com os pratos típicos das festas de Natal. Para ele, o bacalhau pode ser harmonizado tanto com tinto como com branco. A primeira dica é o tinto Lua Nova em Vinhas Velhas – Douro 2010 (R$ 92), um vinho de essência gastronômica, onde os sabores marcantes do bacalhau são realçados pela potência e intensidade tradicional dos vinhos durienses. Entre os brancos, fique com o Enate Chardonnay 2001 – Somontano Espanha (R$ 75), um vinho de muita persistência e intensidade, onde se destaca a mineralidade. “É ideal para harmonizar com aquele bacalhau que leva bastante azeite, pois sua acidez atua eliminando o excesso de gordura”, explica Airton. Para os assados, como peru, lombinho, tender e chester, o chef indica o Terrazas Reserva Chardonnay 2012 (R$ 88) como opção de branco. “Esse é um vinho encorpado e sua estrutura passa por um estágio em barrica, dando-lhe complexidade”, diz ele. “Seus aromas defumados se fundem perfeitamente com os sabores dos assados”, completa. Outra sugestão é o tinto Chianti Barone Ricasoli 2012 (R$ 75), um vinho de corpo médio, gastronômico e ideal para comidas com gordura, pois seu sabor intenso realça os pratos defumados e condimentados. Para as sobremesas típicas, como a rabanada e o panetone, a dica é o Moscato D’Asti 2011 (R$ 68), um vinho italiano leve, de baixo teor alcoólico, doçura moderada e rico em aromas frutados e florais. “Para os pratos que levam frutas secas e nuts, o português Madeira Justino’s 10 anos (R$ 125) é uma ótima opção, pois é delicado, doce e intenso, ideal para ser degustado após o jantar, quando é comum ficar papeando e petiscando”, sugere Airton.

Para acompanhar o Menu Bistronomique, menu criado para o Natal, o chef Pascal Jolly, do Chez L´Ami Martin, criou uma carta especial com  alguns dos melhores vinhos da casa. Entre as sugestões, destaque para espumantes franceses, como Cave Liberal Grand Cuvée 2011 (115) e Duc de Raybaud 2011 (R$120), da região da Côte D´Azur. Entre os vinhos brancos, as dicas incluem o Picpoul de Pinet Creysseis 2011 (R$95) e o Domaine du Tariquet 2012 (R$90). De vinho rosé, são oferecidos o Château Virgiles 2012 (R$100); o AOP L´Opale de Saint Tropez (R$130), e o Château Virgiles 2012 Magnun (R$180), de 1,5L. Para os que gostam de vinho tinto, as sugestões do chef são: Villa La Reserve Lionel Osmin 2009 (R$80); o Chateau La Vierriere 2010 (R$115) e o Château de Saint Cosme 2011 (R$120). O restaurante também serve o Côte Du Ventoux Terrases du Chateau Pesquié 2012 (R$220, de 1,5L.

Para o sommelier do restaurante italiano Fratelli, Adriano Oliveira, as festas de fim de ano são sempre bons motivos para reunir amigos e família em torno de bons vinhos. Para o Natal, o sommelier indica o clássico Chablis 2010 (vendido no restaurante por R$ 119 a meia garrafa e R$ 209 a garrafa inteira) para harmonizar com o bacalhau da ceia, por ter pouca madeira e ser mais leve e elegante. Outra boa opção é o vinho Zinfandel (R$ 229), frutado, fácil de beber e super saboroso. ”Entre as suas características, está o fato de poder contrabalancear pratos de muitas acidez, por isso, a escolha dele com o bacalhau”, diz.

Que tal brindar uma bebida diferente para harmonizar com sua ceia de Natal? O sócio do japonês Minimok, Eduardo Preciado, indica o saquê Ozeki Junmai Hana Waka Sparkling (R$ 46) para as celebrações de fim de ano. De garrafinha rosa, de 275 ml, o drinque é super charmoso e ideal para os brindes entre amigos e família.

A sommélière dos restaurantes Oro e Pipo, Cecília Aldaz, recomenda vinhos práticos para harmonizar com diferentes tipos de ceia. Entre suas sugestões, está o vinho Juve & Camps Vintage 2008 (R$ 144), que ela mesma define como “uma cava maravilhosa e descomplicada” que harmoniza bem com diferentes pratos brasileiros. Outro que também merece atenção é o Campolargo Bruto 2009 (R$ 134), espumante português da região da Bairrada, que utiliza castas portuguesas como Bical, Arinto e Cerceal, em seu método tradicional.

Para o sommelier do restaurante Terzetto, Alexandre Loureiro, os vinhos brancos são boas harmonizações para ambas as festividades, Natal e Reveillón. Segundo ele, o champanhe é uma bebida para qualquer tipo de evento. O vinho Alvarinho Toucas D.O.C.- Vinho Verde 2012 (R$ 123,00) também é boa companhia para o bacalhau. Outras opções são Laurent Perrier Brut - chardonnay, pinot noir e pinot munier – (R$ 164,00) e o Pinot Grigio Kris 2011 (R$ 91,00). Já os vinhos tintos possuem boa estrutura tânica e harmonizam bem com pratos tradicionais e de sabores fortes, como o leitão. Para acompanhar a carne, Loureiro indica os vinhos Rosso di Montalcino Camigliano DOC - sangiovese grosso - 2011 (R$ 141,00), Sino Da Romaneira DOC (t. nacional, t. franca e t. Roriz) 2008 (R$ 189,00) e o Haras Elegance Cabernet Sauvignon 2008 (R$ 180,00). Para as sobremesas, como por exemplo a rabana, a dica do sommelier é o Porto Tawny Quinta do Noval (R$ 16,00 a taça).

Eder Heck, gerente geral do Mr. Lam, restaurante considerado representante da culinária chinesa no Rio, dá dicas de como harmonizar a ceia natalina. Para os peixes como cherne, salmão, namorado, exceto o bacalhau, os vinhos brancos, roses, leves e frutados caem muito bem. Entre os brasileiros, Da'Divas Chardonnay, Casa Valdulga Premium Raizes Sauvignon Blanc, Villa Francioni Rose. Outras opções são o português Quinta de Cidrô Gewurztraminer e o chileno Cariblanco Sauvignon Blanc. Para combinar com o bacalhau, tradicional peixe da época, os vinhos mais encorpados, como os tintos, brancos ou espumantes, são os mais indicados, já que a carne branca possue uma gordura considerada boa e pede uma sugestão aveludada. O italiano Lambrusco Rosso Secco Reggiano Concerto, o espumante brasileiro Cave Geisse Nature Terroir ou o branco português Pêra Manca são boas pedidas. Já as carnes vermelhas como lombinho, chester e peru, harmonizam bem com a uva riesling, como o da Nova Zelândia Riesling Rippon, pois o toque mineral do vinho suaviza o sabor marcante das carnes. E para brindar as festas de fim de ano, destaque para algumas opções como o espumantes italiano Ferrari Perle, o espanhol Cava Juvé & Camps Vintage Reserva, o brasileiro, Cave Geisse Nature Terroir, considerado um dos melhores e o Excellence Cuveé Prestige, produzido pela Chandon. 


Gabriel Di Martino, cervejeiro da Vila St. Gallen, afirma que o universo de harmonizações é ilimitado. “São tantos os ingredientes possíveis na elaboração de uma cerveja, que temos como harmonizar com qualquer tipo de prato, desde o mais condimentado e gorduroso, à mais doce das sobremesas”, explica. Para o bacalhau, quanto para o peru, que são pratos leves, a dica é uma cerveja tipo Pilsen como a Therezópolis Gold (600 ml por R$ 12,95). “Para o presunto, que normalmente é mais condimentado e servido caramelizado, indico uma cerveja tipo Dunkel, como a Therezópolis Ebenholz (600 ml por R$ 13,95). É aromática e, embora encorpada e com paladar intenso, esta cerveja de baixa fermentação é bem eclética e harmoniza com os sabores das carnes vermelhas, caças, aves bem temperadas e carnes suínas”, explica. Já para a rabanada, sobremesa clássica natalina, uma Bock, como a Therezópolis Rubine, segundo Di Martino, é a indicação. “A intensidade que a canela traz à sobremesa harmoniza perfeitamente com uma cerveja tipo Bock, como a Therezópolis Rubine (600 ml por R$ 14,95). Seu aroma traz notas de ameixa preta, café e toffee, mas no entanto, no retrogosto o amargor do lúpulo equilibra o dulçor do malte.”

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Dois vinhos do badalado E.Guigal

O Vale do Rhône  é uma das mais famosas e badaladas áreas vinícolas do mundo, mas vale lembrar que até uns 30 anos atrás esta região francesa era praticamente desconhecida aos demais e quase totalmente ignorada pela industria do vinho. A fama comercial da região é devida ao Robert Parker (afinal temos que reconhecer também alguns méritos dele), que “descobriu” os vinhedos de Hermitage e Côte Rôtie, lançando seus vinhos no Olímpio dos grandes do mundo e fazendo que seus preços até então bem em conta se tornassem estratosféricos (demérito que cancelou o mérito...ehehe). De fato os vinhos incorporam totalmente os gostos do crítico americano: ricos em fruta, robustos e concentrados, mas mantendo certa elegância. 

A máxima denominação da região é a Côte Rôtie, onde a casta Syrah alcança seu ápice. Muitas vezes cortada com a Viogner, produz tintos ao mesmo tempo potentes e elegantes, e de longa guarda.

O maior produtor é o Guigal, literalmemte louvado e adorado pelo Parker: é o viticultor que pode se gabar do maior numero de vinhos nota 100 pelo nosso Advogado do Vinho e, consequentemente, se tornou o mais cultuado da região. 
A vinícola E. Guigal foi fundada em 1946 e foi a primeira do norte do Rhône a introduzir uma viticultura mais moderna, trabalhando com tanques de aço a temperatura controlada, longa estadia em barricas de carvalho e com o conceito de vinhedo único.

Recentemente provei dois rótulos deste produtor para conferir, e, na verdade fiquei meio dividido. Vamos ver no detalhe:




Crozes-Hermitage 2007: é um Syrah 100% procedente de vinhedos de 35 anos de idade e maturado por 18 meses em carvalho. Intenso nos aromas de fruta negra em compota, concentrado na cor e no corpo. A doçura ganha da acidez e a madeira se mostrou definitivamente em excesso pra mim. Pode se tomar sozinho sem acompanhamento de comida. Pareceu mais californiano que francês. Certamente é um vinho cativante, pois é muito fácil de beber, mas não faz  muito o meu estilo.
- Preço médio: R$ 150,00










Côte-Rôtie 'Brune e Blonde de Guigal' 2007: este já é toda uma outra história. Basicamente também é um Syrah varietal, mas com uma pequena parcela (entorno de 5%) de Viognier. Os vinhedos são mais o menos da mesma idade do anterior, e a maturação em carvalho é feita por 36 meses. Mesmo assim a madeira era bem menos perceptível, sendo perfeitamente integrada ao conjunto.
Menos extraído do que o anterior na cor e na densidade. Aromas de cereja, morango, ervas, temperos doces, azeitonas pretas e um toque mentolado, com uma leve baunilha. Na boca tem textura aveludada e corpo médio, boa acidez e taninos vivos, mas redondos. Final longo. Muito equilibrado. Neste caso sim, bem francês e elegante.
- Preço médio: R$ 400,00.



Enfim, é claro que se trata de denominações e safras diferentes, mas de qualquer maneira, a impressão geral é que para os vinhos mais “simples” a vinícola preza um gosto digamos “globalizado” e novomundista, já para os tops de linha o estilo muda radicalmente, mostrando finesse e categoria do velho mundo.


Os vinhos de E. Guigal são importados no Brasil pela Interfood