quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Um grande Champagne para as suas festas

As festas de fim de ano se aproximam, então segue uma dica para os apreciadores de Champagne classudos que queiram comemorar (ou presentear) com grande estilo.
Louis Roederer é uma das mais tradicionais (desde 1776) e importantes maison de Champagne, com certeza a mais cultuada: seu celebérrimo Cristal é simplesmente o vinho espumante mais desejado do mundo, sempre presente em festas e nas mesas dos ricos&famosos. A badalação é justificada neste caso pela altíssima qualidade de seus vinhos, e primeiramente de seus vinhedos. A casa procura perfeição e muitas vezes consegue, sendo referencia absoluta para Champagne Reserva.
Você sabe que champagne safrado é produzido somente em anos excepcionais (o restante é Cuvée de mais safras) e para ter idéia, a Roederer lançou este brut millésime somente em 3 anos durante a última década: 2002, 2003 e 2004.
Recentemente provei um Vintage 2004, que estava prontinho, mas ainda com vários anos de vida pela frente. Corte de Pinot Noir com Chardonnay. Parte do blend (cerca de 30%) é maturado em carvalho e descansa nas caves por mais de 4 anos antes de ser comercializado.
O vinho é um espetáculo em cor, aromas e sabor. Dourado, com notas âmbar, perlage finíssima e persistente. Os lindos aromas são de laranja, melão, pêra, amêndoa, casca de pão tostado e caramelo. O paladar é rico no ataque de boca, segue aveludado e com refinado equilíbrio entre doçura e acidez, com sensações de fruta cristalizada e notas defumadas.
Um clássico de champagne, robusto e elegante.

O meu negociant de confiança me fez um preço camarada, de qualquer forma esta garrafa deve custar no Brasil entorno de R$ 500,00.

Vinho:
Louis Roederer Brut Vintage
Safra:
2004
Produtor:
Louis Roederer
País:
França
Região:
Champagne
Uvas:
Pinot Noir (70%), Chardonnay (30%)
Alcoól (Vol.)
12%
Importadora:
Franco-Suissa - Maison Lafite
Custo médio:
R$ 500,00
Notas:
95 Wine Enthusiast

O meu exemplar










sábado, 23 de novembro de 2013

Wine News (and tasting)

Notícias vínicas de agência:



"O sommelier Dionísio Chaves agora é o Embaixador do Beaujolais no Brasil, e terá seu rosto nas garrafas de Rue de Beaujolais, uma marca composta somente com o Cru de Beaujolais Morgon, considerado por Dionísio melhor Cru. Para comemorar a novidade, Dionísio fará evento em seu restaurante, a Bottega del Vino, com Beaujolais Nouveau, sugerindo harmonizações aos clientes. Sobre os Rue de Beaujolais, Dionísio diz que “são vinhos excelentes para beber na juventude, mas tem potencial de guarda de aproximadamente 8 anos”. Bottega del Vino – Rua Dias Ferreira, 78, Leblon. Telefone: 2512-6526. De segunda a quinta, das 17h à 01h. Sexta e sábado, das 12h à 01h30. Domingo, das 12h às 24h. Capacidade: 80 pessoas.  C.c: todos. C.d.: todos." 

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Degustação de espumantes da Anna Spinato

Nesta semana participei de uma degustação de Proseccos da vinícola Anna Spinato, em companhia da própria produtora (gente finíssima), organizada pela importadora Global Wines em colaboração com a Câmara de Comercio Ítalo-Brasileira do Rio. O evento aconteceu no bonito salão do restaurante Margutta, no centro da cidade e os vinhos foram acompanhados por deliciosos petiscos da casa.

A vinícola é familiar, a produção artesanal e o cultivo quase totalmente orgânico. A Anna nos contou com muita paixão a história da família e dos vinhos da região do Veneto, especificamente da província de Treviso onde a vinícola é situada. Ela produz também vinhos tranqüilos (tintos e brancos), mas o ponto forte são os espumantes, e é justamente nestes produtos que o importador quer apostar.

Provamos 5 vinhos borbulhantes, e devo dizer que fiquei muito impressionado pela alta qualidade. A apresentação também é muito bonita com embalagens bem atraente (de moderna a clássica). Inútil lembrar que se falamos de Prosecco, estamos falando de uva Glera.

Começamos com o 4or Prosecco D.O.C. Extra-Dry. Sucesso internacional, é um espumante alegre e perfeito para qualquer ocasião, seja na praia ou numa comemoração. Seu rótulo com “sleeve” em estilo pop-lounge é certamente um valor agregado, que o transforma em um produto atraente para um público moderno e cool. Frutado (pêra e maça) e fresco, seu açúcar residual (presente, mas não elevado) o torna muito fácil de beber.


A seguir o Prosecco Superiore Extra Dry Valdobbiadene D.O.C.G. Mantendo as características de fundo do anterior, mas mais complexo e elegante. Os aromas vão mais para melão e abacaxi, menos doce e com mais acidez que o outro, e com uma perlage mais fina.



Depois veio o Prosecco Superiore Brut Valdobbiadene D.O.C.G, Certamente o mais refinado do painel. Mais floral e com fruta cítrica, a levedura remete a aromas de panificação e tostado.



Continuando com o Rosé Espumante Extra Dry. O único sem uma denominação de origem especificada, mas muito interessante. Corte de Raboso (uva autóctone) e Pinot Noir, mostrou muita flor (especialmente rosas) no nariz, já na boca o destaque vai para a abundante fruta vermelha, tipo cereja e groselha.



Finalizando – em off – com o Prosecco Brut Orgânico. Digo “em off” pois o vinho ainda não está disponível no Brasil, degustamos umas amostras em primeira mão. Achei ótimo: por ser orgânico certamente perde um pouco de finesse e elegância, mas o complexo aromático e gustativo não ficou prejudicado: pelo contrário, as características principais foram todas mantidas. A meu modo de ver, o leve toque de rusticidade acrescentou um valor original e distintivo bem legal.


Também em primeira mão pudemos admirar a arte realizada para a edição limitada do rótulo do 4or em ocasião da Copa do Mundo de futebol 2014, veja que bacana. 


 Anna e eu



domingo, 17 de novembro de 2013

Chegou a rolha anti-pirataria!

Sabemos bem que o mercado do vinho oferece alguns riscos quanto à fraudes e falsificações. Agora uma empresa italiana promete acabar de vez com os vinhos “piratas”.
Pois é, a produtora de rolhas Brentapack, criou o IDCORK, um sistema de leitura de códigos impressos individualmente nas rolhas e accessível através de um aplicativo gratuito no próprio celular, tablet ou pc.
A idéia é baseada na convicção que as etiquetas podem ser copiadas e falsificadas, mas as rolhas não. Isto devido à composição das rolhas de cortiça, que  é como uma impressão digital, pois os furinhos naturais e as pequenas rachaduras tornam cada rolha única.
Na sede da empresa as rolhas são impressas com códigos individuais e depois fotografadas de todos os ângulos. Em seguida as informações são digitalizadas dentro de um banco de dados, junto com as características estéticas da rolha e mais detalhes sobre quando e onde ela foi colhida e produzida.
A partir daí, as vinícolas (que adquirirem as rolhas) podem acessar o banco de dados e adicionar qualquer informação, como marca, safra, região, uvas, data de engarrafamento, foto do rótulo e tudo mais.
Depois da abertura, o consumidor vai conseguir verificar a legitimidade destes dados simplesmente tirando uma foto da rolha com o próprio celular e o aplicativo vai logo emitir o resultado.
O custo da rolha vai incidir de cerca de 10% a mais para as vinícolas, mas a Brentapack tem certeza que valha a pena, tanto para os produtores quanto para os consumidores.
A companhia planeja produzir 50 milhões de “Rolhas ID” por ano. No momento elas não podem ser usadas para espumante, por causa da forte pressão dentro da garrafa que muda o aspecto da cortiça, mas já estão estudando uma versão para vinhos borbulhantes também.
E para o futuro a empresa promete rastreador GPS nas rolhas, assim quando o consumidor degustar um vinho, as vinícolas saberão em tempo real aonde cada garrafa é aberta, dado importante para os produtores conhecerem mais sobre o próprio mercado e sobre os próprios consumidores.




quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Pagando o vinho com um beijo

Marketing apostando no amor. Wineria, um novo wine-bar de Milão, lançou uma iniciativa bem interessante: todas as 4ª feiras, a primeira taça de vinho é oferecida em troca de um beijo. Não que o cliente deva beijar o atendente: o casal se beija e o atendente olha e contabiliza. 
Agora decida você se quer beijar para tomar um vinho de graça ou se o vinho de graça é uma boa desculpa para beijar seu acompanhante. Para o vinho ou para a pessoa, sempre de amor se trata. 
Enfim, a idéia é bacana, embora não totalmente original: a cafeteria Metro St. James oferece um café em troca da mesma “moeda amorosa”, mas aplicada ao vinho é certamente mais romântica.
Se estiver indo para Milão a dica está dada, depois vai me agradecer com um beijo (na bochecha, pois eu sou tímido).



terça-feira, 12 de novembro de 2013

Um ótimo Bordeaux de 20 pratas? Oui, nous pouvons!

Reza a lenda que um tinto de Bordeaux para ser bom tem que ser caro. Verdade em parte, sobretudo usando como referência os grandes, e não fáceis de beber, vinhos de lá, em comparação com os vinhos “imediatos” e mais em conta da América do Sul. Mas se você gosta do estilo bordalês, hoje é possível sim encontrar umas barganhas interessantes (inclusive já vimos algumas nestas páginas).
O Bolso Esperto de hoje é o Port Vieux 2011. Um entry-level da “genérica” e abrangente appelation Bordeaux. Servi para uns amigos e quando falei, blefando, que custava R$ 80,00 acharam bem pago, já ao confessar que na verdade paguei R$21 o pessoal achou que era naquele momento que eu estava mentindo...
Embora existam realmente vinhos de R$80 piores que este, pessoalmente não acho que o Port Vieux valha R$80, mas entrega certamente mais do custa. Vale ressaltar que o adquiri numa promoção, sendo o preço cheio dele R$ 29,79: de qualquer forma atraente.
É um típico corte bordalês de Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc. Trata-se, obviamente, de um Bordeaux para o dia-a-dia, mas com todas as características e tipicidade do caso. Fruta negra no nariz, com toque de alcaçuz e grama molhada, terroso na boca, com taninos bem presentes e alta acidez. Álcool civilizado de 12,5%.
Perfeito para acompanhar uma carne de cordeiro ou uma massa ao funghi.
A vinícola se chama Les-Léves e faz parte de Univitis, cooperativa de 230 viticultores que prezam produção artesanal e boa qualidade com preço honesto. E pensar que tem importadoras por aí divulgando Bordeaux do dia-a-dia de 100 pratas...


Importado pelo Zona Sul



quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Degustando o ícone Seña na Sherry-Lehmann

Se você for à Nova York, uma visita à Sherry-Lehmann se torna meio que obrigatória. A loja não é a maior, nem a mais bonita da cidade, mas aquela esquina entre a rua 59 e a Park Avenue se tornou uma referência quando o assunto é vinhos de alta gama, abastecendo as adegas dos executivos de Midtown Manhattan desde 1934. A coisa interessante é que quase todo dia tem uma degustação de graça, e, rodeando pelas prateleiras, não é raro se deparar em um atendente te oferecendo uma taça de um grande vinho. Foi o meu caso: na última vez que estive ali, há 3 semanas, estava rolando uma free tasting de Arboleda e Seña. As duas vinícolas pertencem ao Eduardo Chadwick (Errazuriz, Caliterra, Viñedo Chadwick), verdadeiro Rei Midas vínico. 



Da Arboleda degustei o Sauvignon Blanc 2011, muito intrigante, fresco, mas ao mesmo tempo envolvente, com notas cítricas e minerais e boa complexidade regada por alta acidez. 
A seguir, da mesma vinícola, o Carmenere 2010, um pouco diferente dos carmeneres que fazem sucesso por aqui: estava mais para um merlot, elegante, de corpo tênue, sem os aromas herbáceos típicos da casta, sabor leve mas firme, aromas florais e algo selvagem, com sensações de alcaçuz, café e chocolate (veja também o Arboleda Pinot Noir aqui)


Finalizando com um dos ícones do Novo Mundo, o cultuado Seña 2007. O projeto é fruto de uma parceria criada em 1995 entre Eduardo Chadwick e Robert Mondavi, com o intuito de produzir o melhor tinto do Chile, e pelo visto, os resultados não estão tão longe disso: em degustações às cegas o Seña já “humilhou” monstros sagrados da viticultura mundial como Lafite, Margaux, Latour, Sassicaia, Solaia, entre outros. O vinhedo único de castas francesas sobe as encostas de uma colina no vale de Aconcagua e é conduzido de forma biodinâmica.

O de safra 2007 que provei tem a seguinte composição: 57% Cabernet Sauvignon, 20% Carmenere,12% Merlot, 6% Cabernet Franc, 5% Petit Verdot.
Achei o vinho ainda jovem (afinal estamos falando de um dos mais longevos tintos do Chile), com os aromas ainda tímidos, mas muito agradáveis de fruta de bosque e especiarias; no palato tem corpo médio e textura um tanto terrosa, com taninos acentuados, mas finos e doces. Grande complexidade gustativa, lembrando cereja, cassis, tabaco, tomilho, cravo. Boa acidez e madeira perfeitamente integrada completaram o quadro. Final bem longo. 
Enfim, lembrou em todos os aspectos um grande vinho de Bordeaux. Sinceramente, não sei se é realmente melhor que os tops acima citados, mas que é um baita vinho isso não há dúvida alguma.

Os vinhos são importados no Brasil pela Expand. Os Arboledas custam aqui R$120,00 cada (contra os U$19,00 em NY); já o Seña sai aqui por R$ 685,00 enquanto lá custa 95 dólares.

Mondovinho degustando o Seña

Algumas bagatelas disponíveis na loja como as imperiais de Latour, Lafite, Mouton, Petrus, Almaviva, por exemplo

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

11 frustrações do enófilo

Tudo bem, aqui ninguém é enochato, ou pelo menos ninguém admite (aliás,  você já fez o teste aqui?). Ninguém gosta de assumir que vive as margens da sociedade, que por causa do vinho brigou com os parentes e que os amigos o convidam somente para funerais ou para testemunhar no tribunal.

Mas todos nós enófilos temos alguns “princípios”, e nosso equilíbrio mental é severamente testado por várias situações que nos deixam em estado, digamos, de “desconforto”. Inspirado por WineFolly, segue aqui uma lista incompleta das mortificações que afligem os enófilos, depois me diga se você não se identificou em algum ponto. 

1) Os seus amigos abrem aquela garrafa de Petrus justo quando você não pode comparecer.
2) Depois de meses de pesquisa finalmente achou a única loja que trabalha com aquele vinho que você provou durante sua viagem para Europa, mas descobriu que o estoque estava esgotado.
3) No almoço em família agüenta até o saca-rolha com as asas, as taças de vidro azul bordado, e até aceita o Periquita em temperatura não adequada, mas a lata de Skol na mesa para o tio João, realmente não dá.
4) Guardou uma garrafa por 20 anos para depois descobrir que está estragado.
5) Guardou uma garrafa por 20 anos para depois descobrir que naquela época você não entendia nada de vinho.
6) Tem um Romanée Conti em casa, mas ninguém para compartilhá-lo.
7) Tirou com orgulho seu Chateau Margaux da adega, mas o seu amigo nunca ouviu falar.
8) Seus colegas te veem como um alcoólatra por você tomar vinho até no almoço.
9) Gastou uma fortuna na sua adega super-tecnológica e vê que seu irmão guarda perfeitamente os vinhos na cozinha ou na geladeira.
10) No jantar os seus amigos até apreciaram o seu grand cru de Borgonha, mas “caramba, aquele malbec foi sensacional!”.
11) Sua mulher/marido é abstêmia/o.

Fique à vontade em adicionar outros pontos, de qualquer forma temos que admitir que um “enochato light” fica latente em cada um de nós.

P.S. Se você já fez o teste de enochatice, confira então se você é um eno-nerd aqui e também  aqui