quinta-feira, 30 de maio de 2013

Bolso Esperto com preço imbatível!

E depois de duas avaliações de vinhos bem caros (veja aqui e aqui), vamos voltar para uma dimensão mais humana, com um Bolso Esperto digno deste nome.
Vamos para Espanha, precisamente na região de Navarra. Bodegas Campos de Enanzo é uma cooperativa fundada em 1958, talvez hoje a maior empresa vinícola da região. A palavra "enanzo" vem do verbo “enanzar”, palavra usada exclusivamente neste local, que no vocabulário navarro significa: cuidado, esforço e dedicação no trabalho.
Com estas ótimas premissas, degustei o Karrikiri, tempranillo 100% procedente de campos aonde costumavam pastar os touros da raça hominima (daí o nome do rótulo). A propriedade tem vinhas jovens e outras com até 50 anos de idade.
Seja claro que estamos falando de um vinho bem simples, mas de qualquer forma bem gostoso. Tem um nariz frutado (ameixa e groselha com notas de alcaçuz) e floral que aos poucos evolui para algo animal (serão os touros?). A sensação de boa fruta se repete na boca, junta com ótima acidez e taninos bem trabalhados. Volume alcoólico de 13,5%. Perfeito para o dia a dia. O rótulo da garrafa tem design moderno e cativante; e ainda mais cativante é o preço: paguei cerca de R$ 15,00!

Importado por: Zona Sul

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Degustação José Maria da Fonseca


Como antecipado nesta matéria, durante o evento Essência do Vinho, fui convidado também a participar da degustação especial da vinícola José Maria da Fonseca. Provamos 16 vinhos apresentados pelo próprio produtor, Antonio Soares Franco.
Todos bons vinhos, a partir da sempre honesta linha Periquita (descobri que é o rótulo de vinho mais antigo de Portugal, datando o ano de 1850), best-seller a base de Castelão (mais outras), tinto e branco, Periquita Reseva e Periquita Superyor, esta última ainda não importada no Brasil.

Muito interessante a linha José de Souza, do Alentejo, a base de uma casta não muito conhecida, a Grand Noir, fermentada em ânfora e maturada em carvalho. O básico que leva o mesmo nome no rótulo foi pra mim o vinho de melhor relação preço/prazer (cerca de R$60). O Mayor é um nível acima: feito à moda mais antiga ainda, pois é pisado com pés e tem mais tempo de maturação em ânforas e barricas, mas custa o dobro.

A seguir a linha do Douro. O Domini e o Domini Plus. Este último foi o meu favorito do inteiro painel. Muito saboroso, mas sem exageros, um corte equilibrado de Touriga Franca, Touriga Nacional e Tinta Roriz. A única taça que deixei vazia.

Fechando, o Hexagon, top da casa. Blend de 6 uvas sendo Touriga Nacional, Touriga Franca, Trincadeira, Syrah, Tannat e Petit Cão. O vinho é impressionante, mas talvez ainda jovem demais (provamos um 2008): os aromas andavam ainda um pouco fechados e os taninos durinhos; de qualquer forma um grande tinto.


Ainda teve espaço para Moscatel de Setúbal, sendo o Alambre o destaque. 



Photo courtesy of Ana e Alexandre Follador (Idas e Vinhas)


domingo, 26 de maio de 2013

Grande vinho, safra ruim: veja o resultado

O vinho que inspirou o último post (veja aqui) é um top mesmo. Italiano (alguém tinha alguma dúvida?), supertoscano de raça, do produtor que de fato foi pioneiro na produção destes vinhos que se tornaram marcos da viticultura da Itália e icônicos no mundo inteiro.
Estou falando de Antinori, e neste caso especifico, de seu Solaia. Lançado no ano de 1978 e produzido na já famosa tenuta Tignanello (no coração do Chianti Classico), o Solaia é hoje o vinho top de toda a grande produção deste grande produtor.

Recentemente rachamos uma garrafa entre amigos, de safra 2002.
Para quem não sabe, a de 2002 foi uma da piores na Toscana, caracterizada por excessivas e fortes chuvas, sobretudo em Chianti. Isto tornou difícil o trabalho e prejudicou as uvas tanto na questão da maturação, quanto no estado sanitário dos cachos. Uma cuidadosa seleção das uvas de Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc resolveu o segundo problema, mas a Sangiovese não alcançou uma maturidade satisfatória, ao ponto que foi excluída do tradicional corte de 3 castas.
Ou seja, uma safra diferente, como o próprio rótulo afirma logo abaixo do nome (Annata Diversa).

Mas o vinho é bom? Não, meus amigos, não é bom: é muito bom! O deixamos decantar por uma meia hora ou mais e já fomos conquistados pelos lindos aromas de fruta negra, flores e especiarias. O bouquet continuou vivo e impressionando ao longo de mais de uma hora, evoluindo para notas tostadas, chocolate e café. No palato muita elegância, uma textura levigada e complexidade de sobra. O conjunto em perfeito equilíbrio: ótima acidez, madeira perfeitamente integrada, álcool imperceptível, e taninos muito finos. Talvez (aliás, certamente), não seja o melhor Solaia, mas se este é o Solaia de safra ruim, imagine o de safra bom!

De fato, como antecipado na matéria precedente, os grandes produtores redobram os esforços para manter a qualidade de seus vinhos tops e os mais sérios, em casos de safra não satisfatória, chegam a conclusões extremas, como até a de não produzir o vinho. O próprio Solaia, por exemplo, não foi elaborado em 5 safras até agora. No caso de 2002 foi descaracterizado do típico contributo da Sangiovese, ma de qualquer forma o resultado final foi louvável e garantiu alta qualidade. Com 11 anos de vida, ainda agüentaria tranquilamente mais 11.
Um grande vinho é um grande vinho. Always.

Vinho:
Solaia
Safra:
2002
Produtor:
Marchesi Antinori
País:
Itália
Região:
Toscana (Chianti)
Uvas:
Cabernet Sauvignon (90%), Cabernet Franc (10%)
Alcoól (Vol.)
13%
Importadora:
Winebrands
Custo médio:
R$ 1.200,00


sexta-feira, 24 de maio de 2013

Safra boa ou ruim? Verdades e mitos

Grande vinho, safra ruim. Vale/não vale? Compro/não compro? Bebo/não bebo? Guardo/não guardo? Estas devem ser umas das dúvidas cruéis de todo bom enófilo de carteirinha. È inútil dizer que vinho top de uma safra top seria o ideal (que observação inteligente, né?), mas como não vivemos num mundo perfeito, isto nem sempre é possível.

Primeiramente temos que levar em consideração que em safras boas os preços dos tops tendem a aumentar; e se ainda os queridos Parker & Cia fazem questão em dar altas notas, aí que o preço vai pro espaço. Neste caso a dica é pegar os segundos vinhos da casa: em safras boas costumam ter mesma qualidade que os tops teriam em safras menores, e preço mais acessível. Já em safras menores não recomendaria fazer o mesmo, aliás (podendo, é claro) sugiro justamente arriscar um top, que, supostamente, continuaria sendo ótimo, e com preço reduzido (é possível até fazer boas barganhas!).

Temos porém que fazer umas ressalvas que nem todo mundo considera e que podem fazer a diferença. Naturalmente quando se fala em safra se subentende como delimitada dentro de uma região, ou seja: dizer que uma safra foi excelente na Toscana não significa que aconteceu o mesmo no Piemonte, isto é óbvio. O que é menos óbvio é que até na mesma região podem ter ocorridos fatores diferentes entre um vinhedo e outro: continuando com o exemplo da Toscana, a qualidade de uma safra em Bolgheri não necessariamente coincide com uma em Montalcino. Por isso se fala em microclima. Em algumas áreas circunscritas pode ter havido forte chuva localizada, ou até granizo (isto sem contar com a possibilidade de umas doenças nos vinhedos), o que vai afetar negativamente a qualidade dos vinhos de alguns produtores. Portanto até em safras excelentes é possível encontrar vinhos decepcionantes.

Uma safra se avalia conforme o andamento climático durante o ano. A alternação entre calor e frio, as excursões térmicas entre dia noite, sol e chuva no momento certo, juntos com fatores do terroir como composição e drenagem do solo, vegetação ao redor, entgre outros, criam uma boa safra. Mas hoje acontece que uma safra é considerada boa quando Robert Parker decide que é boa. O que o povo esquece é que Bobby gosta de vinhos maduros, que na verdade são fruto de safras particularmente quentes (ou seja: ruim). Neste caso os vinhos são prontos e gostosos para beber logo (como aconteceu na tão valorizada safra de 2009 em Bordeaux), mas não são tão longevos, pois possuem menos acidez.

Mais um fator para se levar em consideração: os meus amigos produtores me ensinam que uma safra se avalia não somente depois de ter colhido as uvas, mas alguns meses depois. De fato se é verdade que, do ponto de vista climático, as 3 semanas que precedem a colheita são decisivas para determinar a grandeza ou menos de uma safra, por outro lado não podemos esquecer que uva tem vida, portanto é preciso esperar a mágica da fermentação para entender se todas as premissas serão depois mantidas no vinho.

Last but not least: o produtor faz toda a diferença. Um grande produtor consegue fazer ótimos vinhos sempre, independentemente de fatores climáticos. Claro que as safras influenciam, ajudando ou dificultando o trabalho, mas de maneira geral um grande vinho é um grande vinho. Always.


No próximo post: um grande vinho de uma safra ruim que me deu o gancho para esta matéria.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Eu o chamaria de Château Lynch-Crasto...

Pois é, o nome no rótulo é Xisto - Roquette e Cazes. A primeira palavra para indicar o tipo de solo rochoso, e a seguir os sobrenomes das duas famílias que dão vida ao projeto. Mas nem todo mundo sabe que a família Roquette é dona da famosa vinícola português Quinta do Crasto; e nem todo mundo sabe que os Cazes são proprietários de um dos mais emblemáticos Chateaux de Bordeaux, o Lynch-Bages. As duas famílias se juntaram em 2002 para criar no Douro uma linha de vinhos que leva os próprios nomes. Eu que sou “marketeiro” teria aproveitado, para o rótulo, a pompa das duas grandes marcas,  mas evidentemente eles não estão preocupados com marketing.

Este vinho é produzido para ser um top e se tornar um ícone de todo Portugal, e pelo visto não esta longe disso. Corte de Touriga Nacional, Tinta Roriz e Touriga Franca, procedente de vinhas cuja idade vai de 25 aos 90 anos. Estagia cerca de 20 meses em carvalho francês (40% novo).

Degustei o vinho ao longo de 3 dias (com a ajuda do vacu-vin) e a coisa interessante é que no terceiro dia estava melhor que nos primeiros dois. De fato é um vinho que precisa longa decantação. Eu não botei muita fé nisso, pois sendo de safra 2005 achei que estivesse já no ponto, mas estava, evidentemente, enganado. Quando o abri, o caldo estava inteirinho, sem a mínima nota oxidativa; os taninos estavam macios (embora vivos), mas o álcool sobressaia muito. E olha que nesta safra o volume alcoólico está até moderado, com 14% (na safra de 2007 chega em 15,5%!). Mesmo assim, só sentia álcool. No segundo dia estava já melhor, mas ainda com certo desequilíbrio e a fruta escondida. Já no terceiro dia ficou perfeito. A fruta finalmente apareceu, suculenta e saborosa, com algumas especiarias e notas tostadas; o álcool parou de incomodar e se integrou com o resto do conjunto de madeira, acidez e taninos muito finos. Muito bom mesmo. Realmente um Douro com cara de Bordeaux. 

Então seguem duas dicas se quiser tomar este vinho: primeiro, esvazie a garrafa no decanter e esqueça o liquido ali por não menos de 2 horas; segundo, prepare a carteira, pois não é nada barato (cerca de R$ 500,00).


Vinho:
Xisto – Roquette & Cazes
Safra:
2005
Produtor:
Quinta do Crasto / Chateau Lynch-Bages
País:
Portugal
Região:
Douro
Uvas:
Touriga Nacional, Tinta Roriz e Touriga Franca,
Alcoól (Vol.)
14%
Importadora:
Qualimpor
Custo médio:
R$ 500,00

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Vini Vinci 2013: os destaques



O evento Vini Vinci foi praticamente perfeito. O patrão Ciro Lilla, auxiliado pela competente assessoria da Sofia Carvalhosa Comunicação já nos acostumaram a eventos de alto nível, e mais uma vez  a organização não fugiu da regra. Atendimento ágil, taças em profusão, comidinhas e água a vontade, e, o que mais importa, o número de participantes em justa proporção com o dos produtores e com as dimensões do espaço (no caso carioca, dois ambientes no 2° andar do belo hotel Windsor Atlântica).

E os vinhos? Que perguntas! Um show. Em uma única tarde não da para provar tudo, de qualquer forma seguem os meus destaques entre os que provei.

VIÑA TONDONIA (Lopes de Heredia) e seus vinhos clássicos de Rioja. Seus brancos de extraordinária longevidade impressionam: o Viña Gravonia Crianza 2003, o Viña Tondonia Reserva 1993 e o fantástico Viña Tondonia Gran Reserva Blanco 1991. Os tintos não ficaram atrás: o Bosconia e o Tondonia Reserva (2003 e 2001) são sensacionais e o Viña Tondonia Gran Reserva 1994 é um vinho pra ficar na memória.
 
O Tondonia Blanco Gran Reserva 1991
Outra vinícola tradicional espanhola: a CVNE. De acordo com o produtor, seu Monopole foi o primeiro branco a ser produzido em Rioja. Todas as linhas primam em qualidade, a Cune, a Vina Real, até o ícone Imperial Gran Reserva 2001.
 
Os vinhos da CVNE

A badalada BODEGA NOEMÍA, da Patagônia Argentina: criação da gentil condesa italiana Noemi Marone Cinzano (com a qual tive um agradável papo). Os vinhos tem uma inegável vocação novomundista, mas possuem um caráter elegante tudo europeu.  Já vimos o A Lisa aqui,  a seguir o J.Alberto 2009 é impressionante e o ícone Bodega Noemía 2009 (malbec) faz jus ao seu nome, misturando concentração e finesse. O Noemía 2 talvez seja ainda melhor: um cabernet/merlot produzido somente em safras excepcionais.
Com a Condessa Noemi Marone Cinzano (Bodegas Noemia)
e seus belíssimos vinhos
Continuando em vinícolas tops da América latina, a chilena ERRAZURIZ, do Eduardo Chadwick, premiado produtor de vinhos que ganharam às cegas dos maiores rótulos franceses e italianos. A linha premium Max Reserva tem fantástica qualidade e seus super-premium são world-class: The Blend 2008, La Cumbre  (1° Shiraz produzido no Chile) 2006, Kai Carmenère 2008 e o ícone Don Maximiano Founder’s Reserve 2007 impressionam um mais que o outro por intensidade e potência aliados à elegância. Fechando com um Late Harvest Sauvignon Blanc 2010, vinho de sobremesa de muito equilíbrio.

Os extraordinarios vinhos da Errazuriz
Indo para os meus conterrâneos italianos. Começando por uma das minhas vinícolas preferidas: ARGIOLAS, da região de Sardenha. Seus vinhos de castas autóctones são deliciosos, unindo sabor aos taninos sempre vivos, com toques diferenciados e exóticos. Os brancos S'Elegas 2011 (elaborado com a casta Nuragus) é leve e refrescante; o Vermentino Costamolino 2011 tem uma marcha a mais, e o Cerdeña 2007 (o único que ainda não conhecia) é sensacional. Os tintos são cheios de especiarias e com taninos vivos. Mais saborosos e frutados os premiums Perdera (produzido com a casta Monica) e o Costera 2009 (Cannonau), um dos meus favoritos ever. Mais sérios e austeros os super-premium Korem Isola dei Nuraghi 2006 e o ícone Turriga Isola dei Nuraghi 2005, um dos melhores vinhos da Itália inteira. E o passito Angialis 2006? Espetacular por equilíbrio e sabor.

Grande Antonio Argiolas
E seus incríveis vinhos
A seguir  FONTODI, com seu bom Chianti Classico 2008, o Riserva Vigna del Sorbo 2006 e o badalado (mais de uma vez no top10 da Wine Spectator) Flaccianello della Pieve 2007.

ARGIANO, famosa propriedade toscana, já pertencente à acima Condessa Noemi Cinzano, recentemente adquirida por um grupo de brasileiros (!). Os vinhos continuam ótimos: os clássicos Rosso e Brunello di Montalcino e os modernos Non Confunditur, Solengo e Suolo, supertoscanos de classe.

A neo-brasileira Argiano
Sempre da Toscana, um dos best-sellers da região: PICCINI. Seu Chianti “orange” é um sucesso internacional. Bom também o supertoscano Sasso al Poggio. A novidade Memoro é um vinho comemorativo dos 150 anos da unidade da Itália, por isso decidiram usar um corte de uvas procedentes de 4 regiões: primitivo da Puglia (parcialmente passificado, estilo Amarone), Montepulciano de Abruzzo, Nero D'Avola da Sicília e Merlot do Veneto. Isto para o Rosso (tinto), vinhão marcante em estilo moderno (extração/concentração/fruta/maciez), mas bastante saboroso. O Memoro Bianco tem a mesma proposta e o corte traz Viognier da Sicília, Chardonnay do Trentino, Vermentino da Toscana e Pecorino de Marche.



Interessantes os vinhos de CONTE D´ATTIMIS-MANIAGO (que ainda não conhecia), da região de Friuli. Refosco dal Penducolo Rosso e Schioppettino são ótimas pedidas, assim como o original Vignaricco (corte de Cabernet, Merlot e Schioppettino). Mas os brancos deixam a marca ainda mais. O Sauvignon e o Friulano (antigamente Tokaji Friulano) são frescos e aromáticos. O Ronco Brolio 2007, talvez o melhor branco do evento, é um corte de Pinot Blanc e Friulano, profundo, complexo e elegante.

O Ronco Brolio 2007, talvez o melhor branco do evento
Ainda teve espaço para uns bons franceses: os Châteauneuf-du-Pape (blanc e rouge) 2010 do CLOS DE L'ORATOIRE e os bons tintos do Rhone de OGIER, sobretudo o Gigondas Duc de Mayreuil 2010. O Crozes Hermitage Comte De Raybois 2009 e o Côte Rôtie Cardinal Saint Ange 2009.



Citação de mérito para o Falanghina e o Don Luigi de DI MAJO NORANTE, da região de Molise e um bom Arneis e um belo Barbaresco do produtor BERA (Piemonte).

Os vinhos de Bera
Ainda os ótimos brancos da Alemanha da SELBACH-OSTER, na beira do rio Mosel. Todos rieslings através das típicas denominações: Trocken, Halbtrocken, Kabinett, Spatlese e Auslese (de secos a doces).

Os r

Pra terminar, BOUTARI, a maior vinícola da Grécia. Seus vinhos de castas autóctones, são bastante originais: o Nemea e o Agiorgitiko e o clássico Naoussa (Xynomavro) e o único que leva uma casta internacional, o Skalani (50% Syrah e 50% Kotsifali).



 O Vini Vinci volta em 2015. 





quinta-feira, 16 de maio de 2013

MondoCerva: um clássico da Bélgica


Gostaria de estrear a coluna MondoCerva com uma das loiras que mais tenho tomado quando morava na Europa, e que continuo tomando aqui sempre com prazer. Um clássico da Bélgica, a Leffe Blonde. Produzida pelos monges desde o século XIII, na abadia de Notre Dame de Leffe, hoje de fato a marca é uma multinacional, e as garrafas produzidas em larga escala; mas não por isto perdeu suas interessantes características de cerveja artesanal. Uma boa introdução ao estilo Abbey (significa justamente abadia), prelúdio para as grandes Trappist.
Tem cor clara, corpo médio, aroma de especiarias e sabor seco e frutado (banana e mel), com ataque sutilmente adocicado, terminando com um gostoso amargor. Não pode deixar de provar.

Pais: Bélgica
Álcool: 6,6%
Preço médio (garrafa 330ml): R$ 7,00

Uma coluna polêmica! Why not?


Em seu terceiro ano de vida o blog MondoVinho tinha que acrescentar umas novidades. Uma dela vem aí, com rastos de polêmicas: MondoCerva, uma coluna dedicada exclusivamente a cervejas do mundo inteiro.
Provavelmente vai causar perplexidade, e muitos vão torcer o nariz. Mas se você gosta de bebidas fermentadas não tem como não gostar de uma cerva. Vamos combinar que enófilo que não bebe cerveja ou é um enochato ou nunca provou uma boa cerveja. Eu prefiro uma boa cerveja a um vinho ruim, e com “boa cerveja” não entendo, obviamente, os chopps e as latinhas que estamos acostumados a ver por aí (que também têm o próprio momento), e sim cerveja de outras qualidades, de preferência artesanal.
Inclusive é um produto que está na moda e a cada dia mais os brasileiros estão apreciando as qualidades das cervejas ditas “especiais”. Portanto me pareceu o momento certo para aprofundar um pouco mais o assunto, mas sem entrar muito em quesitos técnicos. Claro, a prioridade continua e continuará sendo o vinho; simplesmente, de vez em quando, provaremos e indicaremos alguns bons rótulos de cerveja que é possível encontrar nas prateleiras do Brasil.

O mundo da cerveja é fascinante tanto quanto o do vinho...não, ok, agora estou exagerando, mas de qualquer forma é fascinante. Sua história, assim como a do vinho, remete a origem da civilização e sua invenção também deve ter sido um acidente bem sucedido (fermentação espontânea dos ingredientes). Provavelmente a cerveja já existia no ano de 6.000 a.C. na Suméria e na Babilônia, mas de fato existem vestígios de receitas de cervejas em tumbas egípcias de 2500 a.C.
Seus ingredientes são basicamente 4: malte (cevada maltada), lúpulo, água e leveduras. A combinação deles cria a bebida que todo mundo gosta. Existem também cervejas feitas com outros produtos, como trigo, milho, arroz , e até frutas, e raízes. Assim como para o vinho, a origem e a qualidade dos ingredientes (inclusive da água) faz a diferença e também assim como o enólogo cria seu vinho final, é o mestre-cervejeiro que vai definir o blend final e o estilo da própria cerveja.
A degustação da cerveja tem que seguir os mesmos padrões para degustação de vinho: visual, olfativa e gustativa. Portanto não tenha medo em observar a cor e a transparência do líquido e enfiar o nariz no copo de cerveja. Alias, só assim vai poder apreciar todas as nuances.
A temperatura de serviço também é importante. Brasileiro gosta de tomar cerveja extremamente gelada, o que vai até bem com as cervejas básicas que todo mundo conhece, para se refrescar e tirar a sede. Já para apreciar plenamente uma “cerveja propriamente dita” teremos que servi-la a uma temperatura média de 7-8°, podendo variar para mais ou para menos, dependendo do estilo da mesma.
Então, chega de papo. Vamos começar com uma bela loira?

domingo, 12 de maio de 2013

Destaques da Essência do Vinho


A cidade maravilhosa teve o privilegio de hospedar a feira Essência do Vinho, maior evento de vinho de Portugal, pela primeira vez no Brasil.
Convidado a participar, não pude deixar de conferir. O local escolhido (Centro de Convenções Sulamerica) se mostrou estratégico por localização e estrutura: um moderno e amplo espaço principal para todos os vinhos em prova livre, e várias salas para as degustações temáticas fechadas.
Pessoalmente pude participar somente no primeiro dia e não deu para provar muitos dos rótulos, mas pelo que pude ver, estava um show.

A maioria dos vinhos presentes eram, claramente, portugueses, mas não faltaram rótulos de outros Países, e para todos os gostos. Entre eles destaque para os vinhos chilenos da importadora Terramatter, com os tintos da Von Siebenthal (Parcela #7, Montelig, Toknar e o ícone, Tatay de Cristòbal, todos excelentes). A importadora trouxe também um interessantíssimo lançamento, ainda não oficialmente vendido, e de minúscula produção, o Amir da vinícola Una Hectarea: blend diferenciado com base em Cabernet Franc e cortado com Syrah, Petit Verdot e Malbec; da mesma vinícola também e destacou o Sultan (Syrah, Malbec e Cabernet Franc).



Continuando com os outros internacionais, a importadora Zahil também trouxe coisa boa, como o saboroso Barbera d’Asti Le Orme do Michele Chiarlo, um bom Bordeaux genérico, o Les Granges des Domaines Rothschild (Haut Médoc) e o clássico espanhol Viña Alberdi Reserva de La Rioja Alta.
 
Passando para os primos portugueses, destaque inevitável para os velhos e bons conhecidos, como Herdade do Esporão, Quinta da Bacalhoa, João Portugal Ramos, Paulo Laureano, Duorum, Fundação Eugénio Almeida (Cartuxa). Entre as novidades fiquei bem impressionado com os vinhos da Júlia Kemper (Quinta do Cruzeiro), nova vinícola orgânica do Dão, sobretudo os brancos, muito prazerosos (ainda sem importador no Brasil).


A Casa de Sarmento (importadora Adrimar) que prima pela relação qualidade/preço de seus vinhos (como vimos aqui com o talvez melhor Bolso Esperto branco de sempre), soube me surpreender mais uma vez com um ótimo espumante “Brut de Baga” elaborado com método clássico com 100% Baga vinificada em branco. Bom e barato (e ainda safrado!). 


Mas os mais marcantes da feira pra mim foram os vinhos do Douro da Domingos Alves de Souza (importados pela Decanter). A produção inteira é um show, a partir dos mais simples da linha Caldas, passando pelos Reservas, continuando pelos da Quinta do Vale da Raposa, e da Quinta da Gaivosa até o ícone Abandonado, impressionante corte de Tempranillo (Tinta Roriz ou Aragonez), Touriga Nacional, Tinto Cão, um “vinhão” de longa guarda. Mas embora o top seja excelente eu preferi o segundo vinho da casa, o Quinta da Gaivosa Vinha de Lordelo: o achei mais pronto e mais elegante:  mesmo assemblage, mais uma adição de Touriga Franca, com madeira menos presente a favor de boa fruta. Pena o preço, meio proibitivo (mais de R$ 400,00).




Fui convidado também a participar da degustação especial da vinícola José Maria da Fonseca. Em breve falarei à respeito em um post dedicado.
De qualquer forma, em sua primeira realização no Brasil, o evento foi um sucesso e certamente um bom teste para o mercado verde-amarelo, ao ponto que já foi confirmada presença também para o próximo ano. 

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Mais um grande evento chegando!

O Vini Vinci já se tornou um evento tradicional, que assim como o de sua irmã mais velha Mistral, acontece a cada 2 anos. Chegando a sua 4ª edição, a feira acontece nas cidades de Rio de Janeiro e São Paulo.
40 renomeados produtores de vários continentes e cerca de 250 vinhos estarão esperando por você, caro enófilo com sede de novidades internacionais.
Veja abaixo a lista dos participantes (ainda provisória):




África do Sul
Guardian Peak
Rust en Vrede
Alemanha
Selbach-Oster

Argentina
Bodega Noemía
Kaiken
La Posta (Laura Catena)
Luca
O. Fournier

Chile
Errazuriz
O. Fournier
Terra Andina

Espanha
CVNE
O. Fournier
Viña Tondonia*

França
Clos de l'Oratoire
Domaine Gayda
Hecht & Bannier
Ogier

Grécia
Boutari
Cambas

Itália
Argiano
Argiolas
Bera
Bisol (Bel Star)
Cavit
Conte d'Attimis-Maniago
Contratto
Dei
Di Majo Norante
Fontodi
La Spinetta
Piccini
San Michele Appiano
Sezzana

Nova Zelândia 
Oyster Bay

Portugal
Caves São João
Fonseca Port
Monte da Ravasqueira
Quinta do Mondego (Munda)
Quinta do Pôpa

Então anote data e local:
13 de Maio | Rio de Janeiro
Hotel Windsor Atlântica
Av Atlântica, 1020 Copacabana

14 e 15 de Maio | São Paulo
Hotel Tivoli Mofarrej
Al Santos, 1437 Cerqueira César

Horário do evento para o público: 17h00 às 22h00

O ingresso custa R$ 150,00 e o número de participantes é limitado, portanto faça já sua reserva, pois não haverá venda no local.

Reservas pelos telefones
11 3130 4500
21 2523 5434


domingo, 5 de maio de 2013

Bolso Esperto às cegas! And the winner is...




Na última reunião da gloriosa Confraria Gran Reserva rolou uma degustação muito interessante: Bolso Esperto às cegas. Os vinhos poderiam ser de qualquer procedência e feitos com qualquer uva; única restrição, o preço, que não poderia ser superior a R$ 50,00.

Modestamente o vinho que eu levei ganhou o "título", levando a melhor entre os 6 participantes. Trata-se de um vinho italiano – podia não ser? – o Avanti Pinot Noir delle Venezie 2009, da vinícola Botter. Inclusive já tinha comentado a respeito deste tinto aqui,  e fiz questão de levá-lo ao conhecimento dos confrades, sobretudo para desmistificar a crença que vinho italiano para ser bom tem que ser caro. Verdade, frequentemente os rótulos italianos baratos que encontramos por ai não primam pela qualidade, mas é possível sim encontrar coisas interessantes da minha terra sem gastar notas pretas.
Às cegas, a boa fruta lembrou um tinto do Rhone, a acidez declarava cidadania italiana, mas a cor mais escura e a exuberância enganavam, tanto é que ninguém pensou em pinot noir. De qualquer forma, um vinho com uma excelente relação custo/prazer: por R$ 26,90 acredito que seja uma das melhores compras em absoluto, e não somente entre os vinhos italianos.

O segundo colocado de fato ganhou o mesmo número de votos, mas perdeu justamente no quesito preço, custando quase o dobro (R$ 50,00): o Sirius 2009, um Bordeaux “genérico” com corte de Cabernet Sauvignon e Merlot. Às escuras também enganou todo mundo (inclusive a mim), pois a extração de cor, concentração e sabor amadeirado apontavam para Novo Mundo.

A seguir tivemos o tão falado Toro Louco, um tempranillo melhor de marketing que de paladar (não ganha entre similares, imagine contra vinhos tops!), de qualquer forma, um vinho honesto em sua faixa de preço (R$ 25,00).

Outros vinhos da degustação:
Fairview The Goatfather 2009
Clos de Torribas Reserva 2005
Quinta de Pinhanços 2009
E abrindo a noite, um branco, naturalmente fora de concurso, o Vinhas das Servas 2009.