quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

O melhor Sauvignon Blanc do mundo?


A última reunião da gloriosa Confraria Gran Reserva tinha a Nova Zelândia como tema do mês  Devido ao calor da estação, pessoalmente decidi levar um branco. E decidi também que devia ser um Sauvignon Blanc, uva que certamente se expressa melhor nos terroirs da Oceania. Procurando o seleto da vez, fiquei intrigado com o currículo do Sauvignon Blanc da Oyster Bay: logo na primeira safra (1990) foi eleito melhor vinho do mundo elaborado com esta casta na International Wine & Spirit Competition. E ainda ganhou 6 vezes em seguida o titulo do "Premium White Wine of The Year" no Australian Liquor Industry Awards. Geralmente dou para este tipo de concursos uma importância ainda menor do que dou para as notas dos críticos, pois não sei quais eram os outros concorrentes, tampouco os jurados e menos ainda os métodos de avaliação. Mas, como o meu conhecimento sobre vinhos neozelandeses é ainda limitado, achei que um pedigree deste fosse pelo menos um bom começo, portanto foi ele o meu escolhido.
E não é que é bom mesmo? E olha que eu não sou fã de Sauvignon Blanc do Novo Mundo. Da região de Marlborough, é um varietal 100%, sem passagem em madeira. O vinho é sujeito a uma longa fermentação, na fase final a contato com as borras, e é engarrafado imediatamente depois da vinificação, mantendo, desta forma, toda a aromaticidade e sabores frutados da uva. Diferentemente da maioria dos colegas de casta do hemisfério sul, o maracujá não era tão acentuado, deixando espaço mais para abacaxi, limão, melão e banana; notas vegetais, tipo pimentão verde e um toque picante. Na boca é vivo e elegante, com bastante frescor e um bom final.
Não sei se é mesmo o melhor Sauvignon Blanc do mundo, mas de fato me impressionou positivamente e também ganhou só elogios de todos os membros da confraria.

Vinho:
Oyster Bay Sauvignon Blanc
Safra:
2011
Produtor:
Oyster Baymar
País:
Nova Zelândia
Região:
Marlborough
Uvas:
Sauvignon Blanc 100%
Alcoól (Vol.)
13%
Importadora:
Vinci
Custo médio:
R$ 100,00

P.S. Os outros vinhos da noite:
Saint Clair Vicar’s Choice Riesling 2011
Cloudy Bay Sauvignon Blanc 2010
Wild Rock Gravel Pit Red Merlot Malbec 2008
Cloudy Bay Pinot Noir 2010
Cloudy Bay Pinot Noir 2009
Hunter’s Pinot Noir 2010
Nobilo Regional Collection Pinot Noir 2008
Matua Pinot Noir 2007
Saint Clair Pioneer Block 4 Sawcut Pinot Noir 2009

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

O primeiro Château d'Yquem a gente nunca esquece


Parafraseando o título de uma matéria de um tempo atrás do amigo Bruno Agostini (do jornal O Globo), a minha abordagem com este mito da enologia mundial nem foi tão diferente: uma prova através de uma Enomatic.
A amiga e colega blogueira Evelyn Fligeri do delicioso blog Taças e Rolhas relatou recentemente   de um novo wine bar em São Paulo onde é possível degustar esta belezura em taça e, aproveitando minha breve passagem pela capital paulista neste último fim de semana, quis conhecer a casa e provar o famoso néctar dourado.

Depois de um belo jantar no celebrado Figueira Rubayat - onde comi uma das carnes mais macias já provadas, acompanhada por um honesto Marques de Riscal - fiz questão de ir até o tal do Bardega para uma saideira digna da noite.
O bar, bastante bonito por sinal, é o primeiro do Brasil a oferecer mais de 100 vinhos em taça, divididos em uma dúzia de maquinas Enomatic, em conceito de self-service. Em total degustei 5 vinhos: dos outros falarei proximamente, hoje vamos falar do rei dos botritizados, com o qual encerrei a noite.
Diferentemente da Evelyn, que provou uma safra recente, naquela noite era oferecido um 1997, uma das melhores safras de sempre em Sauternes (e em particular no Château d’Yquem). A dose de 30ml custava R$70,00, objetivamente cara para provar um golinho, mas válida para aqueles que não querem/podem gastar valores de 4 dígitos para adquirir uma meia garrafa (eu sou um deles).Então não pensei meia vez e peguei meu golinho.

Com 16 anos de vida, o caldo mostrou muita vitalidade, coisa nem muito surpreendente, afinal estamos falando de um dos vinhos mais longevos do mundo, capaz de envelhecer por muitas décadas A linda cor dourada era o prelúdio dos aromas. Nariz impressionante: na verdade de primeira não pareceu tão diferente de outros Sauternes (nem de outros vinhos de sobremesa em geral), com mel em destaque e damascos a escoltar; mas girando a taça saíram dezenas de aromas secundários e terciários. Flores brancas, tâmaras, canela, amêndoa, fruta cítrica, açafrão, baunilha, manteiga, chá verde, e por ai vai. Como o Bruno, fiquei alguns minutos somente namorando os aromas. Finalmente coloquei o liquido na boca. Equilíbrio é a palavra chave. Corpo macio e sedoso, doçura delicada, balanceada por uma excelente acidez. As sensações aromáticas se repetiram no paladar, com a adição de muita mineralidade, algo tipo ferro e querosene. De fato para mim este foi o verdadeiro diferencial, aquela sensação que a Evelyn descreveu muito bem como “ferrugem”, que outro não é que a mineralidade que deu fama aos vinhos de Sauternes, mas neste caso muito mais marcada; mesmo assim nem um pouco incomodante, aliás, pelo contrário, muito agradável e perfeitamente integrada ao resto. A persistência longuíssima deixa o vinho na boca por vários minutos.

Enfim, um vinho extraordinário, não há dúvida. Mas sobre a pergunta, que certamente vocês estão se fazendo, a resposta é: não, não vale os milhares de Reais cobrados. Aí entra em jogo a questão da fama, da marca, do mito, da história e toda uma série de fatores que tornam um vinho caro, que vimos aqui.

De qualquer forma valeu a experiência.

Nas fotos abaixo, o Bardega e o Château d'Yquem (adivinha qual é qual...)



quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Teste: descubra se você é um Wine-Nerd


Vamos combinar que todos nós, amantes da bebida de Baco, somos um tanto fissurados com as práticas vínicas. Quem mais, quem menos (mas os “quem menos” vão logo mudar o status para “quem mais”), tem as próprias manias quando o assunto é vinho. Inspirado por este post publicado no blog americano Wine Folly, ampliei e adaptei a matéria para os nossos hábitos verde-amarelos, então seguem os 13 indícios para saber se você é um Wine-Nerd.

    1) Aquecimento global. Se faltar a luz, sua primeira preocupação são os vinhos na adega sem a devida climatização.
   2) O mundo gira. Se for uma taça, você a gira, quaisquer seja o conteúdo. Desde suco, refrigerante, ou até água, o movimento é um reflexo involuntário, eu sei. E se brincar, ainda leva a taça de água até o nariz, para depois descobrir que tem aroma nenhum.
3) Organização multimídia. Você tira fotos de todos os rótulos que experimentar (e também de alguns que ainda não experimentou) e as cataloga em uma pasta do seu smart-phone. Os mais diligentes têm um programinha ou um arquivo Excel onde colocam lugar e data da prova, impressões de degustação, preços e notas.
4) Viajar é tudo de bom. Quando estiver viajando, ou conhecendo um novo lugar, o roteiro do dia passa “casualmente”, no horário de almoço e jantar, perto dos endereços com as melhores cartas de vinho.
5) MBA em harmonizações. No restaurante você escolhe os pratos na base do vinho que está a fim de tomar e não vice-versa.
6) Maridinho exemplar. Levar a mulher para o shopping? Com o maior prazer, contanto que o shopping em questão esteja equipado com uma boa loja de vinhos.
7)  Putz, se fosse um ano antes! Você ficou triste em descobrir que o ano do seu nascimento não foi uma boa safra.
8)  Memória de elefante. Você sabe enunciar todos os Grand Crus de Bordeaux, mas não lembra o seu próprio numero de telefone.  
9)  Maridinho exemplar 2. Você faz questão de lavar as taças pessoalmente, pois acha que sua mulher exagera com o detergente, cujo cheiro vai afetar as percepções sensoriais do próximo vinho.
10)Peregrinação religiosa. Nem todos os convidados para sua residência são obrigados a “visitar” sua adega, mas o coitado escolhido da vez é forçado a escutar, em religioso silêncio, aborrecedoras declamações sobre as histórias de suas garrafas.
11) Que grosseria! Você se incomoda com o fato que os convidados ao seu jantar prefiram até mesmo falar ao invés que beber, o que impede que você abra mais uma garrafa. Estes seres nunca mais serão convidados para sua casa.
12)  Democracia, sem discriminações. Você compra e estoca vinhos para tomar com os “entendidos” e outros vinhos para tomar com o “povo genérico”.
13)  Happy hour. Espumante está isento da regra de “Não bebo antes da 17:00h”.

E aí, se reconheceu? Inútil dizer que eu tenho quase todos estes tiques, e aposto que até esqueci alguns. Quem me ajuda a completar o elenco?
Na foto abaixo o capacete essencial para a nossa sobrevivência. 



segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Luca Malbec X Kaiken Malbec Ultra: quem ganhou? O enjôo


Condenam-me, se quiser (tem todo direito), mas eu não consigo gostar mesmo de Malbec Argentino, ou pelo menos daqueles no clássico estilo mendoncino.
Na verdade quando me mudei para o Brasil os achei interessantes, principalmente por nunca ter provado (vocês sabem que no Velho Mundo só tomamos vinho do Velho Mundo) vinhos neste estilo “cheguei”, com tudo em cima. Mas, taça após taça, comecei a me desafeiçoar e desapegar. Claro que, como sempre digo, cada vinho tem seu momento, e não desprezo de vez em quando um Mendoza style, mas por linhas gerais este tipo de vinho não faz mesmo o meu estilo, pois o acho enjoativo e pouco apto para acompanhar comida.

Nesta semana voltei a um dos principais endereços para os enófilos cariocas, o restaurante Empório Santa Fé (muito bom, por sinal) e quis dar mais uma chance para os hermanos, fazendo questão em provar dois malbecs mendoncinos bem comentados e celebrados. O Luca Malbec e o Kaiken Ultra Malbec, ambos de safra 2009.

O primeiro, obra da celebrada Laura Catena, considerados por muitos uma referência  do gênero. O segundo, produzido pela famosa vinícola chilena Viña Montes em terras argentinas, já foi eleito pela revista Decanter o melhor malbec do País.

Sinceramente não achei diferenças significantes entre um e outro, a não ser o Luca mais complexo e estruturado. Mas de maneira geral as características principais estavam bem parecidas: cor escura impenetrável (o Kaiken, ainda mais, quase petróleo), aromas de fruta negra em compota, baton, baunilha, e ainda compota, compota, baunilha e baunilha. Na boca também compota, não somente no sabor, mas também na densidade (!), encorpados, fruta, madeira, álcool; com acidez abaixo do desejável, taninos macios e final adocicado.

São vinhos bons? São. Eu compraria? Não. Isto, como disse, conforme meu gosto pessoal, mas são rótulos que certamente recomendo para quem gosta do gênero. Inclusive os outros na mesa adoraram.

Mas pessoalmente da Argentina prefiro mais arriscar outras castas que não sejam malbec ou até com malbec em corte (por exemplo, da própria Luca gostei mais do Beso de Dante, que tem também cabernet sauvignon), ou de vinhos fora da região de Mendoza, como Salta e Patagônia.
Desta última, inclusive, provei logo há alguns dias um muito bom, que comentarei aqui em breve.

P.S. além das características citadas, os dois tem em comum até a importadora, a Vinci. 

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

E você, já provou Nebbiolo da Lombardia?


Este vinho foi trazido muito gentilmente pela Monique Perlini, irmã do meu grande amigo Claudio, diretamente da Itália. A família deles é originária da região de Lombardia, ao norte da “bota”, e, em ocasião de sua recente viagem em visita aos famíliares, a Monique fez questão de me trazer um vinho típico de lá, escolhendo este N°1 - Numero Uno IGT da vinícola Plozza. E que escolha! Sinceramente não conhecia nem o rótulo nem o produtor, mas foi uma das melhores surpresas degustadas ao longo de 2012.
Já a apresentação é de primeira, com um packaging, bonito e requintado – veja foto abaixo: caixa cilíndrica, papel preto e garrafa linda, com rótulo dourado rígido colado no vidro.
Mas mais interessante ainda foi o conteúdo líquido.

A vinícola, embora italiana, tem sua sede na Suíça, precisamente em Brusio, no Cantão Grisões (onde moradores, hábitos e idioma oficial, são basicamente italianos), mas os vinhedos estão na Itália mesmo, localizados na Valtellina, província de Sondrio.

Este N°1 (I.G.T. Terrazze retiche di Sondrio) é um nebbiolo 100%, que não tem absolutamente nada a invejar a seus colegas mais célebres do Piemonte. Claro que o terroir faz a diferença, aqui não vamos encontrar a tipicidade de Barolo o Barbaresco, mas tem todas as melhores características da casta.

Aroma sedutor de passas e ameixa, com notas de cravo e uma leve pimenta. Na boca é muito complexo, confirmando no paladar as sensações aromáticas acima, com adição de canela, baunilha, tabaco, café e notas tostadas. Taninos finos, levemente e agradavelmente amargos, acidez perfeita e final persistente. O álcool, elevado (15%), não é nem um pouco perceptível.

Um vinho suntuoso. Pena que não seja importado no Brasil.

Un grazie di cuore a Monique e Claudio! 





sábado, 5 de janeiro de 2013

Bolso Esperto de 90 pratas? Yes, we can


O Bolso Esperto de hoje é um pouco particular, pois excede o preço médio por mim estabelecido para esta categoria. Normalmente priorizo, para os vinhos B.E., rótulos de boa qualidade com preço até R$40,00. Mas um bom custo-beneficio não necessariamente tem que ser barato: um vinho, digamos, de R$500 que tem mesma qualidade de um de R$1000, pra mim também é um Bolso Esperto. Então desta vez quis premiar com a “cobiçada” definição um vinho com preço um pouco acima da média da categoria, mas que, garanto, vale a pena, e, afinal das contas, nem é tão caro assim.

O rótulo em questão é o Max Reserva Cabernet Sauvignon 2009 da vinícola Errazuriz, uma das mais cultuadas do Chile. O proprietário Eduardo Chadwick é autor de uns dos vinhos mais idolatrados do País, como o Vinhedo Chadwick e Seña, que na famosa degustação às cegas de 2004 - conhecida como Cata de Berlim - derrotaram lendas da enologia mundial como Lafite, Margaux, Latour, Sassicaia, Solaia, entre outros. O vinho top da Errazuriz, Don Maximiano, também fica sempre na briga em degustações do gênero.

Mas vinho top todo mundo sabe fazer não é? Bem, não necessariamente, mas, you know what I mean, acredito que uma boa vinícola se defina na base dos vinhos “menores”, pois certamente é mais difícil fazer um vinho bom e barato que um bom e caro.

O Max Reserva é um rótulo da linha intermediária da casa, não é exatamente barato – cerca de R$87 – mas tem qualidade de alguns tops de outras vinícolas e de qualquer forma vale mais do que custa. Particularmente este 2009 me surpreendeu bastante.

85% Cabernet Sauvignon e 15% Canernet Franc procedentes do Vale de Aconcagua, o vinho matura por 12 meses em barricas de carvalho francês e americano (33% novas).

Na primeira fungada pareceu um usual cabernet chileno, mas bastou uma girada de taça que várias camadas de aromas secundários e terciários subiram ou nariz: fruta seca, tomilho, pimentão e uma leve hortelã, depois café e tabaco e especiarias. Na boca é elegante, de corpo médio, textura sedosa, e muito equilíbrio entre taninos finos, boa acidez e madeira. Final de médio para longo.

Não chega a lembrar um Bordeaux, embora tenha lido alguns comentários do gênero, mas certamente é um tinto em estilo europeu, e mostrou muita mais finesse que seus colegas de preço similar.

Importado pela Vinci. 

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

20 coisas para o cervejeiro saber sobre Champagne


Você se esbanjou de Champagne nestas festas de fim de ano, né? Não tenho dúvida que já se tornou um expert na matéria, mas repare na seguinte cena que assisti pessoalmente no supermercado para as compras do dia 31.

Cena: um cara – carregando duas caixas de cerveja - para na frente de umas mini-garrafas (aquelas tipo baby) de espumante chileno, e, pegando uma na mão, pergunta pro colega dele: “O que é isso, champagne?”, e depois de olhar o rótulo ele responde pra si mesmo: “Ah, não, este é vinho!” pondo de volta a garrafinha na estante.

Depois disto, e depois de ter escutado em uma loja alguém achar que Blanc de Blancs é champagne com rótulo branco, pensei que um post sobre Champagne de qualquer forma poderia ajudar alguns. Então, no tradicional estilo MondoVinho, seguem 20 coisas que o cervejeiro do ano novo deve saber sobre esta borbulhante bebida:

1)   Champagne é vinho. Tá?!
2)  Muitos chamam de Champagne qualquer tipo de espumante (até o fermentado de maçã! Só falta refrigerante se tornar champagne também). Mas somente os vinhos espumantes produzidos na homônima região francesa podem levar esta denominação.
3)  A denominação de origem controlada (A.O.C. em francês) fixa e garante a procedência geográfica. A zona da denominação Champagne fica ao nordeste da França, a cerca 140 km de Paris, especificamente nos departamentos de Aisne, Marne, Seine et Marne, Auve e Haute-Marne.
4)  A denominação estabelece também os métodos de produção. O único permitido é o método champenoise, também conhecido como método clássico, onde a segunda fermentação (que torna o vinho efervescente) acontece em garrafa.
5)  Champagne talvez seja o único vinho atribuído a um inventor: o monge beneditino Dom Perignon, embora haja várias versões e teses sobre sua origem.
6)   Champagne pode ser branco ou rosé.
7)  As castas permitidas são basicamente 3, podendo ser usadas varietalmente ou em corte: chardonnay, pinot noir e pinot meunier. Nem todo mundo sabe que a legislação permite mais 2 castas: a arbanne e a petit meslier, mas a produção destas uvas é tão minúscula e rara que são consideradas meio que castas extintas.
8)  A colheita pode ser efetuada somente manualmente, sendo que a legislação proíbe expressamente vindima mecanizada.
9)  Champagne é o único caso no mundo onde a lei permite mescla de mosto de vinho tinto com mosto de vinho branco para realizar rosés.
10) Blanc de Blancs: champagne feito somente a partir de castas brancas. Blanc de Noirs: produzido com castas tintas. Simples não?
11)  O termo Brut designa quase 90% do consumo mundial de Champagne. Mas existem outras definições que indicam o grão de açucares adicionados (dosage) durante a vinificação, sendo Extra-Brut e Demi-Sec as mais comuns. Veja no final do post a ficha completa.
12) A maioria dos Champagnes em comércio não é safrada, pois a tradição (e a denominação) quer que se utilize no corte parte dos vinhos elaborados nos anos anteriores, para manter sempre um padrão de qualidade similar; então a cada colheita uma parte do vinho produzido é guardada para os anos seguintes. Somente em safras especiais, consideradas excepcionais pelos produtores, o vinho é produzido exclusivamente com uvas do ano, e leva no rótulo a safra em questão (millésimé). Neste caso a qualidade do vinho (e o preço) é bem superior.
13)  Normalmente um Champagne “genérico” tem entre 3-5 anos de vida, já os safrados podem ser guardados – e evoluir – por décadas.
14) De maneira geral as grandes Maisons de Champagne possuem poucos vinhedos e contam com cerca de 15.000 pequenos produtores, que nunca conseguirão produzir Champagnes tão bons como os das grandes maisons.
15)  É um dos poucos vinhos capaz de acompanhar uma refeição completa, a partir de entradinha até sobremesa, passando por pratos principais, até mesmo bem elaborados.
16) Tem que ser servido fresco, mas nunca gelado. A temperatura de serviço para os champagnes jovens (não safrados) é de 8°C. Já os maturados em madeira ou os millésimés podem ser apreciados a 10°. Do contrário, uma temperatura muito baixa prejudica percepção de aromas e sabores.
17)  Nem sempre a melhor taça para Champagne é aquela de forma alongada, tipo flute. Dependendo do champagne pode ser indicada também uma de diâmetro maior, tipo para vinho branco, isto para poder apreciar plenamente os aromas. Na dúvida fique com a tulipa (veja foto abaixo)
18)  A rolha de Champagne (e de outros vinhos espumantes) não nasce em forma de fungo que conhecemos, e sim no tradicional formato cilíndrico. A pressão feita para colocá-la dentro do gargalo e aquela oposta gerada pelo gás carbônico de dentro da garrafa faz que a parte externa da cortiça pegue um formato de “cabeça”, moldada na pequena gaiola de metal em cima da rolha.
19)  A prática de colocar uma colher de chá dentro do gargalo de uma garrafa de champagne aberta para manter a efervescência do líquido não tem nenhum fundamento e não vai além de crença popular. Para manter as borbulhas por mais tempo use tampas especificas ou gás argônio.
20) O gás carbônico contido no vinho espumante, uma vez na corrente sanguínea, acelera a circulação e, conseqüentemente, a chegada de álcool ao cérebro. Por esta facilidade e velocidade de tornar as pessoas mais "alegres" (eufemismo para não dizer bêbadas), Champagne foi sempre considerado como o vinho das festas e comemorações.


Seguem, para os mais técnicos, as especificações das categorias conforme a dosage de açucares:

Brut nature : se o teor de açúcar for inferior a 3 gramas por litro e nenhuma adição foi feita após a fermentação
Extra-brut : açúcar entre 0 e 6 gramas por litro
Brut : inferior a 12 gramas/l
Extra-dry : entre 12 e 17 gr/l
Sec : entre 17 e 32 gr/l
Demi-sec : entre 32 e 50 gr/l
Doux : superior a 50 gr/l