quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Degustando no Espaço (The Sequel)

O primeiro encontro do ciclo “Degustando no Espaço” foi um sucesso: os ingressos esgotaram com semanas de antecedência e recebemos o dobro de reservas em relação aos lugares disponíveis. Só posso agradecer o carinho de todo mundo e o excelente trabalho de todos os envolvidos no projeto, pelo positivo êxito do evento. 
Nas fichas de avaliação descobrimos que o público adorou o local (que realmente é muito charmoso e aconchegante), amou os vinhos degustados, e coisa estranha, achou excelente a minha palestra...e olha que não paguei ninguém!
Realmente foi uma noite muito bacana, os participantes ficaram à vontade e interagiram muito bem (comigo e entre eles), com comentários e perguntas sempre pertinentes; e a simulação da viagem pela Itália através de seus vinhos e vinhedos, sua história e geografia, pelo visto, foi muito apreciada.
Alguns dos vinhos apresentados já foram comentados por aqui, de outros falarei em detalhe em breve. 
Por enquanto só gostaria de dizer o seguinte: se você perdeu este evento, não vai querer perder o próximo, que acontece dia 24 de Setembro, no mesmo lugar e ao mesmo horário. No caso, a degustação será conduzida pelo sommelier/chef Alexandre Follador (Idas e Vinhas), que nos guiará na descoberta das castas emblemáticas das Américas.
Segue abaixo o release oficial com mais detalhes e contatos. Se eu fosse você faria já minha reserva, pois as vagas são bem limitadas. 



domingo, 26 de agosto de 2012

Para manter o equilíbrio bastam 700 taças por dia...


Não ha mais motivo para se preocupar com a aproximação da terceira idade e relativos problemas motórios. Você vai ficar feliz em saber que quando ficar velhinho, para manter as pernas forte e estável vai bastar beber “somente” 700 taças de vinho tinto por dia.
Durante o enésimo estudo americano analisando os efeitos antioxidantes do resveratrol do vinho em cobaias, os cientistas notaram que as mais idosas tinham melhor estabilidade e mobilidade.
O problema é que para dar efeitos imediatos em pessoas de idade, as mesmas deveriam ingerir a quantidade equivalente a 700 taças de vinho por dia!
Nada que não dê para empacotar em um comprimido: o propósito da pesquisa é justamente isto e em breve teremos as 700 taças em uma única cápsula.
Por enquanto haja fígado e rins!


quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Seu vinho contem ovo e leite, sabia?


Você sabe que seu vinho pode conter resíduos de ovo e leite? O processo é perfeitamente legal, e várias vinícolas o utilizam para tornar os vinhos mais límpidos: clara de ovo para os tintos e leite para os brancos. De fato albumina e caseína, as proteínas dos dois alimentos, têm a capacidade de capturar as partículas em suspensão dos líquidos. Na Franca alguns produtores de Sauterns usam leite até para tirar o cheiro de cogumelo das barricas 

De qualquer forma, as duas substâncias desaparecem durante a vinificação, mas alguns traços permanecem e isto pode ser perigoso para quem é alérgico a leite e ovos.

Por isso na Europa já entrou em vigor uma normativa que obriga a publicação no contra-rótulo de todos os alimentos alergênicos (e deve se divulgar no mundo inteiro). Então não fique surpreso se atrás das garrafas junto com a escrita “contem sulfitos” vai encontrar outras como “contem ovo, leite e derivados”.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Como cuspir vinho em uma única lição (e se tornar um serial spitter)


Em época de numerosos eventos seguidos, onde degustei centenas de rótulos, cabe a pergunta: qual é a linha fatal que separa o eno-leigo do assíduo freqüentador de grandes degustações? O que divide um comum mortal de um alienígena que provou milhares de vinhos? Se estiver pensando em categorias tipo “conhecimento”, “experiência”, “habilidade”, “talento”, etc, está enganado. A diferença está toda em um único ponto: o Degustador com D maiúsculo cospe o vinho.

Modestamente, posso me gabar do titulo de Degustador Serial, pois, além de conseguir de tal maneira provar inúmeros vinhos, eu prezo a minha incolumidade física e mental. Mas pelo visto, aqui no Brasil é coisa bastante rara, até entre os profissionais.

Uns amigos alegam que não tem coragem de desperdiçar o sagrado néctar, outros que ficam com vergonha de cuspir o vinho na frente do produtor, outros ainda (sobretudo as damas) afirmam que é nojento.
 Sobre o primeiro ponto, decida se quiser desperdiçar o vinho ou a sua saúde.
Quanto o segundo caso, é claro que o produtor vai preferir que você engula, mas por outro lado, como ele está acostumado com frotas de cuspidores em série lá fora, se você não cuspir, ele vai automaticamente pensar que está na frente de um novato. Vergonha vai ser ficar bêbado durante o evento, e ainda, eventualmente, ser pego pela lei seca.
Meninas, nojento? Nojento vai ser passar mal e depois vomitar tudo em casa. Trust me.

Agora, é claro, como já disse aqui nos 10 mandamentos do enófilo, que ninguém é santo, e que os melhores vinhos devam ser engolidos (talvez até repetindo a dose), mas de maneira geral, a minha dica é: aprenda a cuspir.

Para os mais tímidos com a cuspideira, segue um curso em 46 segundos. Depois disto, seja bem vindo ao clube dos cuspidores seriais.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Confira como foi o Grand Tasting 2012 - Rio


Semana passada fui convidado a participar do Grand Tasting 2012 da importadora Grand Cru. No Rio de Janeiro o evento aconteceu nos espaços do restaurante Real Astoria que goza de uma vista privilegiada sobre a Baia de Guanabara, praia de Botafogo e Pão de Açúcar.

Talvez um pouco mais “light” em relação à edição do ano passado, com menos produtores presentes; por outro lado esta falta foi compensada com a introdução de “ilhas” temáticas, com os rótulos agrupados por temas ou castas.

Inútil dizer que, mais uma vez, dei prioridade aos vinhos do Velho Mundo.

Vou falar logo da melhor compra: o Talenti Zirlo. Supertoscaninho alegre e cheio de fruta: um delicioso corte de merlot, cabernet e petit verdot. Bolso Esperto (R$ 39,00).
Da mesma vinícola também um bom Rosso di Montalcino (R$ 98) e um elegante Brunello (R$ 240).


  
Continuando na Itália, Massolino, do Piemonte: destaque para o Dolcetto, simples e gostoso (R$ 79) e para o Barolo Parussi, de safra 2005, que estava ainda jovem, com taninos muito vivos, mas mostrando todo seu potencial de guarda.


Da mesma região a Tre Donne, com destaque para o Barbera d’Alba Donna Rossa, talvez a melhor relação preço/qualidade do mercado brasileiro para esta denominação (R$ 69).


Da região pouco conhecida de Marche, o Garofoli, apresentou interessantíssimos vinhos. O brancos Verdicchio sobretudo; o Monte Reale Sangiovese compete na categoria Bolso Esperto (R$ 38) e o Grosso Agontano Conero é um vinho de muita estrutura e complexidade (R$ 140).



Da Toscana, os belos Chiantis da San Pancrazio e Viticcio, de alta qualidade e bom preço (de R$ 48 até R$ 135).


E, naturalmente Brancaia, da qual sou fã declarado, que mais uma vez mostrou grande consistência em toda a linha: Tre, Chianti Classico, Ilatraia, e  Il Blu (de R$ 70 até R$ 342).


Ainda os bons proseccos da Bottega dei Poeti.



E para encerrar com o País da bota, o Moscato D’Asti do Saracco, doce natural e frisante, ideal para aperitivos e sobremesas.



Da Espanha, interessantes vinhos de Montsant a base de Garnacha e Samsó (Carignan) da vinícola Celler Besslum: o Xabec e o Besslum (R$53 e R$69) são idênticos em corte e vinificação, sendo únicas diferenças o terroir e a altura dos vinhedos.
Albariño do Don Olegário é um dos melhores brancos espanhóis do catalogo da importadora (R$85), muito aromático e frutado.

Provei também os vinhos do Bierzo da Bodega del Abad e os Rioja  Solar de Castro e Lar de Sotomayor da Domeco de Jarauta.
Mas os espanhol que mais me impressionou foi o Primordium da El Primer Racimo, um tempranillo de pequena produção que mistura potência e elegância de Ribeira del Duero (R$290,00)




Do Chile, a cultuada Santa Rita. A vinícola apresentou seu clássicos Medalla Real (R$ 88) e o ícone Casa Real (R$ 350), passando por um interessante Floresta Apalta Cabernet Sauvignon (R$ 150) e o Triple C (corte de carmenere, cabernet sauvignon e cabernet franc – R$180), que eu não conhecia ainda.


A Matetic, adepta ao cultivo orgânico e biodinâmico. Destaque para o EQ Chardonnay, o branco que mais gostei do evento inteiro (R$ 89) e para o Corralillo Winemaker’s Blend (R$ 89).



Da Argentina, um nome sobre todos: Viña Cobos. A vinícola do Paul Hobbs, tem uma impressionante linha que dispensa comentários, do Felino (R$70) até o fenomenal Bramare Marchiori Vineyard (R$395).


Dos hermanos ainda destaco dois malbecs: o elegante Malbec Gran Reserva do Humberto Canale, procedente do Rio Negro/Patagônia (R$98) e o encorpado San Pedro de Yacochuya, da região de Salta.

Ainda tive tempo para uns australianos da Heartland de bom custo/benéfico e de uns franceses menos acessíveis. O Chassagne-Montrachet 1er Cru Les Calleirets do Amiot Guy é um interessante branco muito mineral, mas nada barato (R$360).


O Brut Excellence da Gosset é um bom champagne, mas me decepcionou um pouco quanto a complexidade (R$220)

Fechando com chave de ouro, um belo Châteauneuf-du-Pape, o Cuvée des Cadettes de La Nerthe ótimo, mas um pouco over-price (R$ 490)


Enfim, embora faltaram bastantes rótulos da importadora (sobretudo muitos tops), o evento foi ótimo, e, sobretudo, com número adequado de participantes em relação aos vinhos disponíveis, o que possibilitou a conversa com os produtores, facilitando a degustação.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

As 10 maiores tendencias vínicas da década passada


Olhar para trás nem sempre é tão fácil, menos ainda identificar as 10 maiores tendências do mundo do vinho da década passada, mas a revista The Drink Business acertou em cheio. A partir do debate sobre rolhas até o fenômeno China os maiores trends estão mais o menos todos aí. Vamos ver em contagem regressiva.

10) Os Pinots
A casta francesa conquista o décimo lugar e os terroirs de metade do planeta. De Nova Zelândia aos EUA, passando pelo pinot grigio italiano, não há vinícola que não tenha pelo menos tentado vinificar a caprichosa pinot. Por que? Simples: ter um estilo Borgonha em catalogo faz muito chique, cúmplice, entre outros, o film Sideways que em 2004 "decretou" sua definitiva superioridade sobre a prima Merlot.

9) A guerra contra o álcool
Aumenta o consumo de bebidas alcoólicas e começa a guerra contra o álcool; mas nesta luta somente uma coisa está certa: ninguém demonstra sequer um mínimo de lucidez, nem os a favor, nem os contra – as associações ou os políticos que a apóiam as respectivas idéias. Quem perde primeiro são os produtores.

8) Cortiça, metal, plástico
A rolha clássica vai se tornando mercadoria cada vez mais rara, mas as alternativas têm resposta lenta nos mercados mundiais. A rolha em silicone não emplacou e a de rosca (screw-cap) faz torcer o nariz aos puristas. A de vidro parece uma alternativa bacana, mas quase ninguém parece ter percebido.

7) Os cult wines
Lentamente, mas implacavelmente, os grandes vinhos estão substituindo a Beyoncé nas revistas do mundo inteiro. Cada novo recorde batido nos leiloes desperta excitação e maravilha. Lafite é o mais disputado nos mercados asiáticos, mas os usuais Romanée Conti e Petrus continuam fortes.

6) O ambientalismo
Vinho orgânico, biológico, sustentável, natural, biodinâmico, etc. Enfim, limpo, justo e bom. Esperando que não seja uma tendência passageira.

5) Mais Premium
Um fenômeno que afetou principalmente o mercado dos super-alcoólicos. Um exemplo, em breve: os consumidores de vodca não se contentam mais do “o de sempre” e querem algo diferente, estando dispostos a pagar mais. Então lá vai grappa em barrica, seleção de rum impossível, e tequila envelhecida cem anos...

4) Borbulhas
Prosecco, what else? Em 2010 superou Champagne em volume nos mercados americanos e ingleses, mas em geral, devido também à facilidade de harmonização com qualquer prato, o fenômeno sparkling está literalmente “estourando” no mundo inteiro.
 
3) O ressurgimento dos rosés

Estão voltando de moda. Dos complexos e tradicionais de Provençe e Languedoc, aos mais leves white zinfandels californianos, passando por bons “rosatos” italianos. E, obviamente, também espumantes, de novo.

2) A China
Não tem competição: 300.000.000 novos ricos fariam tremer qualquer um, imagine o mundo do vinho. E ainda, meio século de comunismo cancelou nos chineses a idéia do luxo, e agora que eles finalmente têm cacife, querem “copiar” os europeios, considerados como mestres na refinada arte do savoir vivre.

1) Internet
A comunicação do vinho mudou e hoje tem na internet um dos maiores canais de divulgação e venda. Detalhe, sem esta revolução vocês não estariam lendo este artigo, nao é?

Esquecemos algo?

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Idéias criativas: a luminária feita de rolhas de champagne



Você bebe muito champagne e ainda ama colecionar rolhas? Eis uma utilização interessante. O projeto é do designer/artista plástico britânico Alkesh Parmar, que ideou esta singular luminária pensando ao desperdiço de rolhas que bar e restaurante jogam fora a cada dia.
Ecológico, com certeza. Bonito, deixo você dizer.


quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Um tinto espanhol raro e gostoso


Dizem que os vinhos desta vinícola são hoje os mais procurados da Espanha e os mais difíceis para encontrar. A importadora demorou 7 anos para conseguir trazer estes rótulos ao Brasil. E agora estão finalmente disponíveis.
Da badalada região de Ribera del Duero procedem os vinhos de Pago de Carraovejas, vinícola fundada em 1988 em Peñafiel. São 60 há de vinhedos próprios situados a 750m de altitude.
Uma característica que distingue o estilo de vinificação desta empresa é a prolongada maceração, sem uso de bombas elétricas. Isto torna os vinhos mais ricos e concentrados, mas de forma natural.
O Pago de Carrovejas Crianza 2008 que experimentei me surpreendeu muito positivamente. Basicamente é um varietal de Tinto Fino (Tempranillo), com adição de pequenas quantidades de Cabernet Sauvignon e Merlot, com elevação em barrica americana e francesa por 12 meses.
Os aromas são de fruta seca, passas, chocolate, charuto. Na boca tem fruta generosa, balançada por boa acidez e taninos finos. O álcool, embora abundante (15%) é impercebível. Final de média/longa persistência.
Um dos melhores espanhóis que provei nos últimos tempos.

Voto gringo: 8 ½

Vinho:
Pago de Carrovejas Crianza
Safra:
2008
Produtor:
Pago de Carrovejas
País:
Espanha
Região:
Ribera del Duero
Uvas:
Tempranillo (94%), Cabernet Sauvignon (5%), Merlot (1%)
Alcoól (Vol.)
15%
Importadora:
Península
Custo médio:
R$ 216,00
Notas:
RP92; PÑ92

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

O Segundo Vinho Mais Barato


Eu que achava que esta minha dica (clique aqui) de escolher ao restaurante o segundo vinho mais barato da carta tinha sido original...! A coisa parece já ser de domínio publico.
Repare no vídeo abaixo. Não tem legenda, traduzindo sumariamente é mais o menos assim:
“Você não entende nada de vinho, mas sabe que nunca deve comprar o mais barato. Por isso nos tornamos a sua escolha mais simples, com o Segundo Vinho Mais Barato. Produzido com as melhores uvas, as segundas mais baratas. O Segundo Vinho Mais Barato é fácil de encontrar em lojas assim nao terá que suportar o olhar dos vendedores que estão te julgando. Impressione seus amigos com um vinho de uma safra que não é a safra atual – é assim que se faz, confie.”
Inútil ressaltar que é um fake, um vídeo humorístico, um dos melhores que já vi. E no finalzinho o comercial falso mostra uma pérola da suposta vinícola, o Vinho Mais Barato. Com um rótulo de um Shiraz que lembra particularmente certo vinho australiano...é preciso especificar qual?
Simplesmente genial.


sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Mais um grande evento chegando!


Aproxima-se mais um grande evento para os amantes do vinho. A Grand Cru, uma das maiores importadoras do País, apresenta o Grand Tasting 2012. O evento itinerante vai visitar 9 cidades brasileiras e o diferencial deste ano é que os 200 vinhos em degustação serão divididos por estações temáticas. Não deixe de conferir ao vivo as novidades e de conversar pessoalmente com uns dos maiores produtores de vinho do mundo.
Seguem abaixo as cidades participantes e o release oficial da data do Rio de Janeiro.














quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Como foi o Encontro Mistral 2012


No dia 19 de Julho fui convidado a participar de um dos eventos de vinho mais esperados do ano: o Encontro Mistral. Ter a possibilidade de degustar de uma vez quase todos os excelentes rótulos da maior importadora do Brasil e ainda conversar com seus produtores é uma oportunidade rara (o evento acontece a cada 2 anos): o único problema é ter tempo e disposição para partir “para luta”. De fato, querendo se esforçar para achar uma nota negativa na perfeita organização, apontaria justamente para o reduzido tempo do evento: somente 4 horas de degustação aqui no Rio de Janeiro, sendo que em São Paulo o evento durou 3 dias.

No meu caso, ainda cheguei tarde (blame on me) e tive pouco mais de 2 horas para aproveitar e, inevitavelmente, acabei cortando vários rótulos que tinha curiosidade de experimentar. Por outro lado, mesmo assim, consegui provar muita coisa boa.

Comecei pelos fantásticos champagnes do Pol Roger: do Reserve Brut, passando pelo Vintage 2000 e o Blanc de Blancs 2000 até o extraordinário Winston Churchill 1999 (7 anos de maturação nas borras), um verdadeiro espetáculo borbulhante.
Pol Roger Winston Churchill 1999 -  R$ 755
Proseguindo pela França dei uma passada pelo lotado estand da bordalés Cos D’Estournel, onde “só” (notar as aspas) consegui uma prova do ícone tinto Chateau Cos d’Estournel 2004, um 2° grand cru classé: veludo puro na boca, e equilíbrio fora do comum, mas esperava um pouco mais de complexidade para um vinho desta estirpe.
Chateau Cos d'Estournel 2004 - R$ 1.200
Da Borgonha, um nome: Joseph Drouhin. Belíssimos brancos, como os Chablis (sobretudo o 1er Cru Montmains 2010) e o Puligny-Montrachet e tintos delicados e complexos, como o Volnay 2009, o Chambolle Musigny Premier Cru 2007 e o soberbo Charmes-Chambertin Grand Cru 2008.
Joseph Drouhin Charmes-Chambertin Grand Cru - R$ 1.350

Da minha Itália sou suspeito em falar de Castello di Ama e Tasca d’Almerita, pois além de gostar muito, o Nicola Massa - que representa as duas vinícolas aqui no Brasil - é um grande amigo meu. Mas independentemente disso estamos falando de duas vinícolas top mesmo. O Chianti Classico de Ama é referencia absoluta nesta denominação e o L’Apparita é simplesmente um dos melhores merlots do mundo, rivalizando tranquilamente com ícones como o Chateau Petrus, por exemplo, mas custando ¼ do valor do francês.
Castello di Ama Vigna L'Apparita - R$ 775
Já a Tasca é uma das melhores vinícolas da Sicília: além dos vinhos que já comentei aqui provei também o ótimo Lamùri, belíssimo Nero d’Avola e o Tascante, do Etna, feito de Nerello Mascalese em pureza: um Borgonha do sul da Itália.
Tasca d'Almerita Tascante - R$ 275 
Para o Piemonte uma seqüência de tirar o fôlego: Vietti e Coppo um do lado do outro. O Mario Cordero, maior responsável pela renovação e sucesso da cultuada vinícola Vietti me fez provar um interessante Roero Arneis 2010 levemente frisante; o Perbacco 2009, nebbiolo leve com toques de especiarias; o Barbera d’Alba Scarrone 2008, fresco e elegante; o Barbaresco Masseria, complexo e equilibrado; e o belíssimo Barolo Castiglione 2008 (ainda jovem, mas já pronto – recentemente tomei um 2004 fantástico).
Vietti Barolo Castiglione - R$ 300
Já para Coppo, considerado, com toda razão, o “rei da barbera”, conversei com o herdeiro Paolo, e os vinhos degustados me deixaram de queixo caído. O Gavi La Rocca, branco feito de uva Cortese é fenomenal, assim como o Chardonnay; L’Avvocata, é um o Barbera d’Asti bem típico e tradicional, de pronunciada acidez; já o Alterego é um vinho mais moderno, sendo um corte insólito de barbera com cabernet sauvignon. O Camp du Rouss é um barbera de primeira, prelúdio para o monumental Pomorosso, pra mim um dos melhores vinhos do evento.
Coppo Barbera d'Asti Pomorosso - R$ 355
Continuando o passeio pela Itália, Le Macchiole, um dos mais premiados produtores de supertoscanos,  representada pelo simpático Gianluca. Esta vinícola produz um dos meus dos meus favoritos, o Paleo Rosso (veja aqui o fantástico 2004), Cabernet Franc puro, o Scrio, um impressionante Syrah e o Messorio (já ganhador de 100 pontos pela Wine Spectator), um Merlot de rara elegância, todos de safra 2007.
Le Macchiole Messorio - R$ 1.000
Sempre da Toscana não podia deixar de visitar uma das mais prestigiosas vinícolas do mundo: a Biondi-Santi. A bonita e simpática Valentina Gherardi me fez experimentar o Sassoalloro 2008 e o Schidione 2001, dois famosos supertoscanos do Castello di Montepò, projeto paralelo da família Biondi-Santi (Jacopo) na Maremma: o primeiro é um varietal de sangiovese grosso, já o segundo leva no corte também cabernet sauvignon e merlot. Para encerrar, o vinho que tornou a casa célebre (talvez seja mais verdade dizer: a casa que tornou o vinho célebre): o mítico Brunello di Montalcino da Tenuta Il Greppo. Infelizmente não tinha o Riserva para experimentar, mas o “simples” Annata 2007 me deu igualmente grande satisfação e prazer.
Biondi-Santi Brunello di Montalcino Tenuta Il Greppo - R$ 755

Isole e Olena, também é um grande produtor toscano: seu Chianti Classico é muito elegante e classudo, já o renomeado Cepparello é um moderno supertoscano feito de 100% sangiovese. A vinícola possui propriedades também no Piemonte (Sperino) de onde provei o Gattinara Terroir del Nord, um nebbiolo 100% muito aristocrático e tradicional.
Isole e Olena Cepparello - R$ 475
Do novo mundo só visitei 2 estandes: a Casa Lapostolle e a Paul Hobbs. Da chilena, a linha Cuvée Alexandre é notável em consistência com todas as castas e o ícone Clos Apalta é uma delícia (lembrando que a vinícola faz cultivo orgânico e biodinâmico).
Casa Lapostolle Clos Apalta - R$ 400
A californiana, dispensa apresentações, sendo Paul Hobbs um dos mais celebrados enólogos do mundo (já dono da nota 100 do Robert Parker). Os chardonnays Crossbarn e Russian River são frescos e complexos, já falei aqui de seu incrível e diferente Pinot Noir Russian River, talvez seu melhor vinho de toda a linha; já achei os Cabernet Sauvignons concentrados demais, embora excelentes (sobretudo o Beckstoffer Dr. Crane).
Paul Hobbs Cabernet Sauvignon Beckstoffer Dr. Crane Vineyard - R$ 795

Indo para os mais exóticos, o cultuado libanês Château Musar. Achei o Musar Jeune demasiadamente frutado e com açúcar residual em excesso, sendo o Château Musar Cuvée certamente mais elegante; já o Château Musar Rouge é um grande vinho, que justifica sua fama.
Chateau Musar Rouge - R$ 200
Embora de um Pais bem exótico, o libanês acima leva castas conhecidas (Cabernet Sauvignon, Carignan e Cinsault), já o espanhol Anima Negra usa castas bem diferentes: da ilha de Mallorca, o top AN é feito de uvas Callet e Mantonegro-Fogoneu. Um tinto de muita estrutura e longo potencial de guarda, com grande acidez e taninos vivos.
Anima Negra AN - R$ 220
 Enfim, apesar de ter perdido muito, degustei só coisa fora de série. E ainda conheci gente bacana e revi amigos e colegas que nem sempre consigo encontrar, como por exemplo, os meus colegas blogueiros numero 1 e 2 do ranking brasileiro, os amigos Silvestre Tavares do Vivendo a Vida  e o Luiz Cola do Vinhos e Mais Vinhos, ambos vindo de Vitória especialmente pela ocasião.

Só falta falar de um vinho, que em minha modesta opinião, foi o melhor da noite. Obviamente levando como sempre em conta também a questão do preço/qualidade (pois seria covardia eleger um vinho de mil reais) e o elemento diversidade. Então eu voto no Villa Gemma Montepulciano d’Abruzzo do Masciarelli. Constantemente ganhador do 3 bicchieri do Gambero Rosso, vem de uma das regiões menos badaladas da Itália, é um tinto surpreendente e saboroso, mas com perfeito equilíbrio. Fruta abundante balançada por generosa acidez, corpo médio, mas de bom volume, taninos finos e final longo. Diferente. Um vinhaço. E ainda o Vincenzo Protti que representa a vinícola aqui no Brasil é uma simpatia. Ou seja, Masciarelli nos proporcionou alegria pura. 
Masciarelli Villla Gemma Montepulciano d'Abruzzo - R$ 370
P.S. os preços são indicativos