terça-feira, 29 de maio de 2012

Quase um Bolso Esperto...


Este vinho, se não chega a ser um Bolso Esperto, talvez seja algo que fique bastante perto (rima poética). Pago de Montal é um projeto recente (2008) do grupo Família Roqueta (já vimos aqui um legítimo Bolso Esperto da casa), que pelo contrário, tem tradições seculares em produção de vinho. O propósito da Montal é apresentar vinhos de Fuente Álamo (Castilha-La Mancha) elaborados com uvas autóctones, mas em estilo moderno.
Este rótulo em questão reflete exatamente isto. 85% Monastrell (uva mais conhecida como Mourvèdre) e 15% Syrah, com estágio de 3 meses em barricas de carvalho de segundo e terceiro uso. Apesar de ter uma proposta descomplicada (vinho para o dia-a-dia), é um tinto que mostra uma discreta complexidade de aromas e sabor. Cereja madura, cassis, violeta e especiarias no nariz, na boca tem um bom ataque, discreto volume e um final frutado. Bastante equilíbrio entre acidez, taninos (doces) e álcool. Moderno, mas elegante. Belo vinho.

Voto gringo: 7 ½

Vinho:
Monastrell
Safra:
2008
Produtor:
Pago de Montal
País:
Espanha
Região:
Fuente-Álamo (Albacete)
Uvas:
Monastrell (85%) Syrah (15%)
Alcoól (Vol.)
13,5%
Importadora:
Decanter
Custo médio:
R$ 65,00

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Como limpar os dentes das manchas de vinho


Para alguns ficar com os dentes escuros depois de um belo tinto ao restaurante é um pequeno preço a pagar, para outros é a razão pela qual desistir de beber. A americana Kimberly Walker, amante de vinhos, sobretudo de concentrados syrahs, depois de ter tentado tudo para branquear os dentes (até sabonete em um momento de desespero!) achou uma solução e realizou os WineWipes: lenços especiais para utilizar nos dentes após as refeições. Impregnados com substâncias  tipo bicarbonato de sódio, água oxigenada e glicerina, prometem “restaurar” o branco no sorriso.
Na verdade, para evitar o desagradável efeito colorido nos dentes bastaria comer um queijo ou mastigar um chiclete: o primeiro contem proteínas que formam uma barreira natural na superfície dos dentes, já o segundo estimula a saliva a neutralizar o intenso pH que o vinho deixa na boca. 
Fica a dica. Mesmo assim algo me diz que muitas damas vão começar a levar estes lençinhos na bolsa.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Definitivo: screw-cap é mais elegante que cortiça (confira o vídeo)


Você acha o screw-cap pouco elegante no momento da abertura da garrafa? Então assista a este vídeo. Com um simples movimento encantador, o enólogo Sieghard Vaja destrói séculos de preconceitos sobre a rolha de rosca. A partir de hoje esta mal-falada tampa de metal adquire status de rolha nobre, igualando a cortiça. Bônus: não é preciso de sommelier!



domingo, 20 de maio de 2012

Veja como foi o a feira anti-salvaguarda


O evento anti-salvaguarda foi um sucesso. Centenas de pessoas, entre profissionais do setor, enófilos e curiosos participaram do evento com entusiasmo, mesmo em um dia de chuva e frio.
Além da degustação em si, foi uma clara mensagem política, uma nítida resposta contra o projeto das salvaguardas e seus assinantes.
O ápice do evento foi quando o glorioso Alexandre Lalas subiu no púlpito (bem, não era realmente um púlpito, mas “subiu na palafita” não soaria legal, ehehe) e declamou com fervor um sincero e elaborado texto escrito pelo Luís Henrique Zanini da vinícola Vallontano (leia na integra aqui).

Passando aos vinhos, tinha coisa boa (e barata).
Sou suspeito em falar de Angheben, pois sou fã declarado da vinícola, mas o seu Barbera é, sem dúvidas, uma das melhores compras entre vinhos nacionais (R$40) e o seu espumante Brut também é uma delícia (pena que não tinha os outros bons rótulos da casa).

Seguindo com castas mais diferenciadas, surpresas foram dois vinhos da Milantino feitos com uvas pouco conhecidas do norte da Itália: a Ancellotta e a Teroldego. Muito interessantes por R$30 cada.

Já para castas mais comuns, o Merlot da Vallontano certamente se destacou (R$60), e mais ainda o surpreendente da Maximo Boschi, com nariz muito intenso e generosidade no palato (R$45).


O Antonio Dias faz um Tannat com muito estilo (R$49) - já comentado no ano passado - e tinha uma prova em primeur de um Touriga Nacional que se encontra ainda maturando em barricas e que em breve passará para afinamento em garrafa: obviamente os taninos estavam muito vivos e duros, mas dava para perceber um bom potencial.

E Cabernet Sauvignon? Quem diz que esta casta não se adapta bem ao terroir brasileiro é porque nunca provou os do Don Abel. O Premium, sem madeira, tem boa fruta e ótima acidez (R$45), já o ícone Rota 324 (com estágio de 6 meses em barricas novas) é mais complexo e redondo, mas mantendo sempre um excelente equilíbrio (R$58).

E para espumantes, estavam presentes simplesmente os dois melhores produtores do Brasil: os velhos conhecidos Mario Geisse e Adolfo Lona. Curiosamente um chilenos e o outro argentino, ambos escolheram o terroir do Brasil para dar vida a linhas borbulhantes deliciosas e cheias de estilo: realmente difícil eleger um ganhador.

Enfim, esta mini-feira mostrou que é possível sim produzir bons vinhos nacionais com preços honestos, sem se apelar à suposta deslealdade da concorrência importada. Com a simples paixão e dedicação, estes artesãos da uva conseguem produzir vinhos com toda a tipicidade brasileira, sem querer copiar o estilo de ninguém e mais ainda sem querer prejudicar ninguém.


O Aprazível lotado

Este é o Lalas declamando

quinta-feira, 17 de maio de 2012

O primeiro screw-cap para espumante!


Você sabe, as regras de etiqueta à mesa proíbem o estouro na abertura de garrafa de espumante e qualquer bom sommelier sabe fazer isto tranquilamente. A operação é delicada e requer prática e paciência. Já se não tiver nenhuma dos dois chegou a solução pra você: rolha de screw-cap para garrafas de espumante. A novidade chega da Australia (de aonde senão?): a Guala Closures, especializada em lacres, tampas e vedações acaba de lançar uma rolha de rosca de alumínio chamada Viiva, que promete manter as borbulhas dentro da garrafa.
O público alvo da casa é principalmente a mulher, pois as nossas damas são as maiores apreciadoras e consumidoras de espumantes, e ao mesmo tempo, as que têm mais dificuldade em retirar as rolhas tradicionais. Além disso, esta tampa não corre o risco de acertar ninguém no olho, pois não voa.
Pois bem, esta que seria uma vantagem se torna para muitos uma desvantagem, pois nas nas festas e na hora de comemorar em geral o estouro é fundamental...quem que vai aplaudir depois de escutar um tímido “ffffff”...?

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Um clássico Bolso Esperto com preço imperdível!


Depois de muitos vinhos meio caros, vamos voltar para uma dimensão mais humana, mas sempre com olho na qualidade. Este rótulo é um clássico que todo mundo conhece e é sempre uma boa compra na faixa dos 40-45 Reais. Em promoção por R$29,90 a compra se torna praticamente obrigatória.
A Concha y Toro dispensa apresentações, é a “marca de vinho mais admirada no mundo” segundo a revista inglesa Drink International; aqui já falamos de dois tops da vinícola: o ícone Carmim de Peumo e o Terrunyo Carmenere, vinhos excelentes, mas caros.
Já para o seu bolso esperto esta linha Trio Reserva traz na taça aquele estilo chileno moderno, mas sem exageros, capaz de agradar tanto o neófito tanto o enófilo experiente. Às cegas batalha tranquilamente com rótulos que custam o dobro.
O nome Trio deixa pouco espaço para imaginação, indicando justamente que o corte é composto por 3 uvas.
A linha propõe 4 variantes: 2 brancos e 2 tintos. Já tinha tomado o Cabernet Sauvignon/Shiraz/Cabernet Franc em mais de uma ocasião - e também indico - mas aqui falaremos do com base em Merlot da safra 2010, que encontrei pelo atrativo preço acima citado no Pão de Açúcar há poucos dias.

Merlot em 70% e o restante dividido em partes iguais entre Carmenere e Cabernet Sauvignon, vinificados e maturados separadamente em carvalho francês e americano por cerca de 1 ano e finalmente “assemblados” para o blend final.

As 3 variedades de uva se amalgamam muito bem, cada uma trazendo a particularidade da casta: a merlot traz maciez e fruta silvestre; a carmenere adiciona cor e intensidade aromática; a cabernet acrescenta corpo e estrutura.

O produto final é agradável tanto no nariz quanto no paladar. E agrada também o bolso.

Vinho: Trio Reserva Merlot
Safra: 2010
Produtor: Concha y Toro
País: Chile
Região: Vale do Rapel
Uvas: Merlot (70%), Carmenere (15%), Cabernet Sauvignon (15%)
Teor Alcoólico: 14%
Importadora: VCT
Custo médio: R$ 40,00
Notas: RP90

terça-feira, 15 de maio de 2012

Um grande vinho da minha terra!


Vocês sabem que sou suspeito em falar em Taurasi, pois além de ser um (grande) vinho italiano, é da minha região. Mas falamos indubitavelmente de vinhos excepcionais, de grande potencial de guarda, complexos e elegantes, capazes de expressar da melhor forma a tipicidade da uva e do território da região de Campania.

Taurasi é uma Denominaçao de Origem Controllada e Garantida procedente da área que circunda a homonímia cidadezinha no interior da região. Para poder ostentar esta docg no rótulos a legislação prevê a utilização de uva Aglianico 100% e uma maturação de mínimo 3 anos, sendo pelo menos 1 ano em madeira.
A vinícola Feudi di San Gregório é uma das vinícolas que conheço melhor, pois dela eram os vinhos que normalmente tomava quando eu ainda morava na Itália.
Mas, além de gosto pessoal, é uma casa de grande tradição e prestigio, e em 2011 ganhou o título de "Vinícola do Ano" pelo guia Duemilavini da Associação Italiana Sommelier, pelo excelente trabalho de qualidade/preço.
Recentemente provei quase a linha inteira das últimas safras com o amigo Maurizio (da própria vinícola) no evento da Gambero Rosso e pouco antes no da World Wine. 
Já na semana passada tirei da minha adega um Taurasi 2004 que estava espetacular. A casta Aglianico é também chamada de Nebbiolo do Sul, por sua alta tanicidade e acidez; e este não fugiu da regra. No nariz perfumes de bosque, de terra molhada, de fruta silvestre, e ainda canela, couro, café, noz moscada. Na boca não tem um grande corpo, mas possui uma elegância impar e enorme complexidade; a densa trama de taninos vivos é equilibrada por grande acidez, os 18 meses de madeira são imperceptíveis e o álcool pára aos 13,5%, entregando um produto final de grande equilíbrio e estrutura.
Ideal para pratos elaborados e de longo cozimento, como assados e caça.

Voto gringo8 ½  

Vinho:
Taurasi DOCG
Safra:
2004
Produtor:
Feudi San Gregorio
País:
Itália
Região:
Campania
Uvas:
100% Aglianico
Alcoól (Vol.)
13,5%
Importadora:
World Wine
Custo médio:
R$ 180,00
Notas:
RP93; WS93; GR3


domingo, 13 de maio de 2012

Vinho e crianças: sim ou não?


O comentário ganhador do Concurso “Qultural” me induziu a algumas reflexões e perguntas. Vocês deixam ou deixariam um menor de idade tomar vinho?

Pessoalmente, como todo bom italiano, comecei a tomar vinho bem cedo, de criança mesmo: durante as refeições o meu avô costumava me servir um golinho diluído com água para me acostumar e o meu pai continuou me educando a beber responsavelmente da mesma forma, até me deixar tomar vinho puro quando adolescente (mas sempre em pequenas quantidades). Na Itália, como em outros Países do Velho Mundo, é uma questão cultural, lá a maioria dos pais faz isso. No meu caso gostei particularmente e depois quis aprofundar e estudar o assunto, mas mesmo os menos preparados, de uma forma geral, acabam tendo um paladar mais educado desde cedo.

É obvio que “moderação” tem que ser sempre a palavra-chave e que não podemos deixar menores tomando livremente álcool à vontade.
Mas por outro lado fico entediado na frente de campanhas falso-moralistas e das cruzadas proibicionistas, especialmente norte-americanas, que querem modificar os estilos de vida dos outros. Sinceramente fico mais preocupado com o elevado consumo de Coca-Cola, que é a primeira causa de obesidade infantil. E, segundo algumas recentes pesquisas, estes refrigerantes pareceriam conter até substancias cancerígenas. Já, pelo contrário, os efeitos benéficos do vinho seriam inúmeros (mas lembre-se da palavra-chave).

Além de tudo, acho que quem aprende a apreciar vinho (e álcool em geral) com moderação desde cedo dificilmente possa cair no vicio dos super-alcoolicos, verdadeira praga para a juventude mundial.

Enfim, não acho um pai que deixa o próprio filho se entupir de refrigerante mais responsável de um outro que o educa a um consumo consciente com um golinho de vinho uma vez ou outra.

O que vocês acham? Qual é a idade certa para começar a provar vinho? Uva fermentada ou química gaseificada?

sábado, 12 de maio de 2012

A feira anti-salvaguardas


Voltamos rapidamente às salvaguardas. Entre inúmeros protagonistas desta “guerra” que atingiu nosso querido Brasil (e ainda se espalhou lá fora) gostaria de destacar dois paladinos do consumidor de vinho. É obvio que personagem como o Ciro Lilla (e outros importadores) ou Adriano Miolo (e outros produtores) tenham interesses particulares em jogo e o juízo crítico deles acabe inevitavelmente condicionado.
Muitos guerreiros já participaram da batalha desinteressadamente, mas a luta contra as salvaguardas tem principalmente dois intrépidos cavaleiros: um é o cineasta/sommelier Jonathan Nossiter, estrênuo defensor do terroir e de vinhos artesanais. O outro é o jornalista/ crítico Alexandre Lalas, um dos mais lúcidos escritores de vinho deste País.
Nenhum dos dois tem nada a ganhar se a mal-falada medida for aprovada ou não, mas os dois assumiram a luta com grande garra, quase fosse uma questão pessoal, pelo bem maior de todos os consumidores e para uma sana difusão da cultura do vinho no Brasil.

Os dois se encontrarão “virtualmente” no badalado restaurante carioca Aprazível, cuja carta de vinhos foi elaborada pelo Nossiter e cujo espaço será teatro de uma degustação promovida pelo Lalas. Uma mini-feira de vinhos de pequenos produtores nacionais que não aprovam o projeto das salvaguardas, que vão mostrar toda a força e a tipicidade de um trabalho feito com grande coragem.

O evento acontece na próxima terça feira, dia 15 de Maio no citado restaurante em Santa Teresa das 15h às 19h e conta com a participação das vinícolas Adolfo Lona, Angheben, Antônio Dias, Cave Geisse, Chandon, Dezem, Don Abel, Don Guerino, Era dos Ventos, Maximo Boschi, Millantino, Quinta da Neve, Vallontano e Villagio Grando e mais algumas a confirmar. A entrada é franca.

Enquanto isso no Iate Clube da cidade acontece o Circuito Brasileiro de Degustação, evento dos órgãos oficiais do vinho no Brasil.
Mesmo dia, mesmo horário. Veja você qual evento escolher, eu não quero influenciar ninguém. Mas no dia 15 já sabem aonde me encontrar, né?

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Hitler estava certo...


Depois dizem que eu sou anti-Parker...Repare neste vídeo.


Vídeo previamente publicado pelo sempre antenado amigo Luiz Cola no blog Vinhos e Mais Vinhos 

quarta-feira, 9 de maio de 2012

E o evento da Interfood? Bom, mas pode ser melhorado


Já sei e admito: sou suspeito quando afirmo que em eventos com vinhos do mundo inteiro o destaque vai para os italianos. Mas se o brasileiríssimo amigo e ilustre jornalista/crítico Alexandre Lalas me fala que os melhores vinhos do Wine Tour da Interfoods foram 3 italianos, quem sou eu para discordar? Ehehe.

Então, semana passada participei do acima citado evento no Rio de Janeiro a convite da própria importadora. Duas palavras a respeito da organização antes de falar dos vinhos. O lugar muito bonito (um clube naval numa ilhota da Lagoa Rodrigo de Freitas) e o salão bem espaçoso com vista panorâmica não aliviaram os problemas de superlotação. Em muitos casos nem consegui chegar perto das mesas dos expositores e quando consegui fui logo empurrado para fora pela multidão. Se era difícil conseguir um gole, imagine conversar com os produtores. Muitos vinhos acabaram horas antes do término do evento e nem provei tudo que eu queria. Mas como se tratava da primeira edição do evento, vamos dar um desconto para os organizadores, esperando que nas próximas tenham mais cuidado com o número de participantes.

Falando em vinhos, o catalogo é bastante variado e com umas pérolas. Logo que cheguei fiz a minha devida visita para o estande do Elio Grasso, importante produtor do Piemonte. Todos vinhos show de bola: o Dolcetto d’Alba, o Langhe Nebbiolo, um belíssimo Barbera d’Alba Vigna Martina e dois superlativos barolos: o Ginestra 2005 e o Gavarini 2006 (preços de R$90 a R$485).


Continuando no Piemonte passei por uma vertical de Barbaresco do Giuseppe Cortese: 3 crus de Rabajà, 2007, 2005 e 2003. Apesar da 2003 ter sido uma safra fraca, foi esta a melhor das três em minha opinião, já pronta, super-elegante e com os taninos amaciados; seguida pela 2007 que estava melhor que a de 2005 (R$225).
O Rocche dei Manzoni também mostrou consistência, especialmente com um belíssimo Barolo Big d’Big 2000 (R$485)


Em seguida foi para a região do Friuli. Os brancos de Schiopetto são muito intrigantes e complexos, especialmente o Tocai Friulano (R$170); já do Fantinel além do clássico Refosco, gostei do Prosecco (R$75) e de um Cabernet Sauvignon simples e um pouco rústico, mas muito agradável (R$67).



Para a Toscana, não poderia deixar de falar da tradicional Fattoria dei Barbi. Também vinhos todos excelentes, especialmente os brunellos: o “básico” 2006 muito bom, o reserva 2005 ainda fechadinho, mas o meu destaque vai para o Vigna del Fiore 2005, brunello de vinhedo único, uma delicia (R$285).


Da mesma região, o Rocca di Montegrossi, com um notável rosé com base em Sangiovese/Merlot/Canaiolo e um belo Chianti Classico.

Entre os brancos os chablis de La Chablisienne não me empolgaram, nem mesmo os Premier Crus (senti falta de mineralidade), já apreciei bastante os rieslings alemães de Eltviller (R$70).


Entre os mais exóticos, os libaneses do Chateau Ksara (que já comentamos aqui), entre eles destaque para o Cuveé de Printemps, interessante versão/variação de beaujolais, sendo um diferente corte de tempranillo e gamay com maceração carbônica e o estruturado Chateau Ksara 2004 (cabernet sauvignon), que estava soberbo (R$150)


Ainda teve tempo para os bons champagnes premier cru da Cattier, muito agradáveis, com notas de pão tostado, manteiga e amêndoas (R$220)


E para terminar, um discreto Sauternes do Château Liot (R$185) e um Porto Calem 20 anos, de muita complexidade, com nuances de especiarias, mel e geléia de ameixas (R$205), perfeitos para encerrar a noite.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Papai Noel existe (se chama Juan)


Alguns de vocês talvez se lembrem da minha cartinha dos desejos para Papai Noel (quem não lembrar clique aqui). Bom, não é que ganhei mesmo o primeiro da lista? Pois é, o meu amigo ítalo-argentino Juan Carlos me trouxe 2 (duas!) garrafas de presente diretamente de Roma e ainda acompanhadas por uns queijos parmigiano e pecorino: uma generosidade que dispensa comentários e que torna o Juan um verdadeiro Papai Noel fora de estação.

Vamos ao vinho. Na Itália existem pelo menos 6 guias conceituadas que a cada ano avaliam dezenas de milhares de garrafas, gerando, obviamente, classificações diferentes. Acontece que nas edições de 2011 dois vinhos ficaram no topo de todas as listas, e um deles é este Primitivo di Mandura ES de Gianfranco Fino 2009 (o outro é o Sassicaia, tire as suas conclusões). Um sucesso estonteante que colocou de acordo público e toda a imprensa, coisa muito rara para um vinho italiano denso, potente e com álcool que supera os 16 graus.

O ES é produzido em 8 hectares de vinhas velhas de baixíssimo rendimento: para ter noção, é preciso de três plantas para fazer só uma garrafas! Lançado em 2004, na safra de 2006 já levou os 3 bicchieri pelo Gambero Rosso.

Lembro que quando o provei, achei o 2006 ainda um pouco desequilibrado a favor de álcool e açúcar residual; já este de safra 2009 é uma obra-prima de equilíbrio: o álcool, mesmo com seus 16,5% (!) é imperceptível, a madeira é apenas um sopro e a doçura final, embora ainda presente, é muito mais leve.
No nariz é um festival de fruta silvestre madura, com notas tostadas de café, tabaco e couro. Na boca é puro veludo, com inúmeras camadas de sabores e sensações. Taninos finos e doces e um final muito longo.

Indico para todo mundo, mas vai ser difícil encontrá-lo por aqui, pois, tristemente, este rótulo sumiu das prateleiras do Brasil (era importado pela World Wine, se não me engano, custando cerca de R$400). Produzido em pouco mais de 10mil garrafas é uma raridade e esgota logo depois do lançamento.
Quem sabe não conseguem vocês também escrevendo uma cartinha para o Papai Noel.

Voto gringo: 9

Vinho: Primitivo di Manduria ES
Safra: 2009
Produtor: Gianfranco Fino
País: Itália 
Região: Puglia
Uvas: 100% Primitivo
Teor Alcoólico: 16,5%
Importadora: - 
Custo médio: -
Notas: GR3


quinta-feira, 3 de maio de 2012

Esta degustação eu passo. E você?


Já que estamos em clima de eventos de vinho (hoje me espera mais uma), que tal participar da mais fantasmagórica degustação do Sistema Solar?
Uma vertical de 57 (CINQUENTAESETE!) safras do mítico Chateau Pétrus, sendo a mais nova de 2007 e a mais antiga de 1945. Dois dias de degustações em Nova York, apresentadas pelo nosso amigão James Suckling. O valor do ingresso sai pela bagatella de U$17,500 por pessoa. Para você que engole espumante com pedaços de ouro, isto não é nada.



terça-feira, 1 de maio de 2012

Veja como foi o evento dos tops italianos


Semana passada tive o privilégio de participar do Road Show do Gambero Rosso, evento itinerante promovido pela homônima publicação, que leva ao redor do mundo uns dos nomes do vinho mais importantes da Itália e que na sua 5ª edição chegou pela primeira vez ao Brasil (São  Paulo e Rio).
O evento era fechado somente para convidados (profissionais e personalidades do setor) e mais uma vez o MondoVinho não ficou de fora e esteve lá para contar a vocês como foi a edição carioca. Aconteceu no Hotel Sheraton do Leblon: o lugar bonito e os amplos espaços foram uma moldura perfeita para o sucesso da manifestação. Cerca de 50 produtores presentes e mais de 200 vinhos em degustação livre.

Seria até banal destacar o Barolo Dagromis do Gaja, os Amarones do Masi e de Bertani, grandes supertoscanos como os sensacionais Grattamacco, o Magari, novamente do Gaja, e o Soldi di S.Niccolò (este último de Castellare di Castellina é um supertuscan sui generis, sendo um corte de Sangioveto e Malvasia Nera).

Então vamos falar de vinhos mais diferenciados: você conhece Lambrusco e acha vinhozinho meio sem graça, não é? Ok, agora experimente o Concerto, Lambrusco Reggiano da Medici Ermete: vai mudar totalmente de opinião. Complexo, com borbulhas leves e delicadas e até um pouco tânico. Vinhedos selecionados, produção minúscula e vinificação cuidadosa fazem deste Lambrusco um fora de série do genro. Senão não teria ganhado os 3 bicchieri pelo Gambero Rosso. Obviamente mais caro que a maioria de lambruscos que encontramos por aí, mas vale a pena para quem gosta do estilo frisante.
No mesmo estilo e qualidade o Lambrusco da Cantine Ceci.

Sempre da regiao de Emilia-Romagna a Poderi dal Nespoli, com seus vinhos realmente surpreendentes: especialmente o Nespolino Rosso, corte de Sangiovese-Merlot e o Prugneto, feito com Sangiovese Grosso (a mesma casta do Brunello): um melhor que o outro, e, sobretudo, baratos!

Outros vinhos que me deixaram bem feliz em questão de tipicidade foram o Nobile di Montepulciano e o Sagrantino de Montefalco da Fattoria del Cerro, o Vitiano da Falesco e o Montepulciano Riserva Conero Cùnaro da Umani Ronchi - desta ultima bom também o Pélago, da região de Marche - e uma novidade da Rocca delle Macie, o Chianti Classico Riserva di Fizzano.
A vinicola Planeta, da Sicília, é uma minha velha conhecida, especialmente pelo Santa Cecília, mas não conhecia o Cometa, um belo exemplar da casta Fiano fora de seu natural terroir.

E voltando ao Piemonte, um belíssimo Barolo Bricco Pernice do Elvio Cogno.

Mas, apesar de não ser novidade pra mim (pois sou fã), o maior destaque vai para os fantásticos vinhos de Argiolas, da região de Sardegna. Seu Turriga é excepcional por profundidade e tipicidade, mas o meu favorito, também em função bolso esperto, é o Costera, um cannonau delicioso e com muitas especiarias.