sexta-feira, 30 de abril de 2010

Avaliação gringa: Olé! Olé! Andale, Toro!

Vinho de velho mundo é outra coisa, não é?

Não necessariamente melhor, mas é outra coisa se comparado com chilenos, argentinos, sul-africanos e americanos.

Neste ultimo ano tive uma queda para vinhos espanhóis, está  se tornando mais que um caso, estou traindo minha pátria! Estou gostando muito mesmo, para eles juntarem, em muitos casos, modernidade e tradição.

É o caso deste tinto da região do Toro (falei de traição e aí vem o “corno”) que ultimamente está sempre ganhando mais espaço no mapa dos vinhos do mundo.


Vinho: Taurus Roble

Safra: 2005

Produtor: VillaEster

País: Espanha

Região: Toro

Importadora: Obra Prima

Custo médio: R$ 60,00





É feito com 100% tempranillo (ou tinta de toro, como é chamada esta uva nesta região), de vinhedos de mediamente 40 anos de idade e estagia em barrica de carvalho por 4 meses para a madeira não predominar sobre a fruta.

Tem cor rubi escura, aroma de tabaco e couro, na boca é bastante sedoso e elgante, com taninos firmes (mas redondos), intenso e com notas minerais.

Lembrando que não é filtrado (para conferir maior profundidade e complexidade) a casa sugere decanta-lo antes de beber.

Voto gringo: 7

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Que tal um jantar na Dinamarca?

Acabou de sair a edição 2010, e como o vinho se associa a gastronomia, hoje gostaria de comentar a lista dos 50 melhores restaurantes do mundo, compilada anualmente pela prestigiosa revista britânica Restaurant Magazine.

Neste ano aconteceu no topo uma pequena grande revolução: depois de 4 anos de domínio absoluto do espanhol El Bulli do mestre da gastronomia molecular Ferran Adrià (que para sua carreira recebeu o prêmio de "Chef da Década") a lista vê no primeiro lugar o Noma de Copenhagen do chef Rene Redzepi de somente 32 anos.

No começo ninguém teria apostado no chef dinamarquês que decidiu usar apenas ingredientes escandinavos, produtos locais praticamente desconhecidos no resto do mundo. No entanto, os gourmes têm apreciado a sua coragem (alem do talento) e os mesmos colegas reconhecem a força da "expressão artística". E o Noma - um ex-armazém de baleias do século XVIII elegantemente restaurado – se tornou um destino para o turismo gastronômico que o trouxe a este objetivo hoje.

Em terceiro lugar, e os melhores restaurantes no Reino Unido, The Fat Duck de Heston Blumenthal que ganha um prêmio de prestígio: o "Chefs Choice award" que é o prêmio para o chef votado pelos seus colegas.

O Brasil se destaca em 18° lugar com o D.O.M. de São Paulo, do celebre chef Alex Atala, avançando 6 posições com respeito à mesma classifica do ano passado. É o único restaurante brasileiro da lista e recebe premio como melhor da América Latina.

Já a minha Itália colocou 5 restaurantes na lista (o mais alto na 6° posição), mas recordistas em numero de presenças foram os Estados Unidos com 8 representantes nacionais.

Confira aqui a lista completa e prêmios especiais.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Frase do dia (pensamentos di-vinos)

 


"É besteira e um pouco sacana
fazer uma Feira no meio da semana."

                                                                (Mario Trano)


Eh sim, desta vez a frase é de minha autoria, inventada pela ocasião do ExpoVins 2010.
A idéia de ter a feira de terça a quinta-feira é simplesmente absurda.
Já fui a varias feiras, inclusive a trabalho, e sempre pegavam no mínimo um dia do fim de semana, justamente para as pessoas terem mais oportunidades de visitar-las.
Imagino que no fim de semana deve ser mais caro alugar o espaço da exposição, mas teria com certeza mais retorno.

Eu queria muito ir, mas se torna impossível ir do Rio para passar 2 horas na feira de noite e não ter mais ponte aérea pra voltar (lembrando que o horário de abertura ao publico é das 19:00 às 22:00 horas).

Claro que o alvo da feira não è o publico em geral, mas que trabalha no setor. Mesmo assim eu conheço varias pessoas do setor que gostariam de ir, mas não podem porque trabalham durante a semana aqui no Rio.

Uma mensagem para a Exponor, a Ibravin e a todos os organizadores da ExpoVinis:

ativar o cérebro antes de fazer um calendário feiristico.

Bom, então o meu blog vai continuar normalmente, sendo um dos poucos que não falarão da feira, pelo menos vou ser mais original...que consolo!

sábado, 24 de abril de 2010

Degustação coletiva: Papas e outros prelados

Semana passada fui convidado para uma degustação de vinhos da importadora RJU (do grupo Cantu), conduzida pelo simpático e competente Eric Azevedo, da ABS-Rio.

Tratava-se do lançamento de vinhos franceses do produtor Xavier, da celebre região do Rhône.

Xavier Vignon é um famoso enólogo francês que trabalhou como consultor para muitos dos melhores domains, principalmente da região sul da França.
Até que um dia decidiu fazer os próprios vinhos que levam o seu nome no rotulo.



Degustamos um branco, um rosé e três tintos.

O primeiro vinho da noite foi um Chardonnay 2007: se mostrou bastante leve, mas com um interessante final de boca cremoso;

Seguiu um rosé muito exótico, bem diferente, mas não impressionou e o pessoal (eu incluído) estava já desconfiando sobre a qualidade da vinícola.

Mas a partir do primeiro tinto as coisas mudaram e o Xavier nos ganhou de virada.

O Ventoux 2007 mostrou boa textura e estrutura, mesmo com um toque de exotismo (mas desta vez em bom sentido) e mineralidade.

Seguiram duas lendas da viticultora francesa (e mundial):
um Pic Saint-Loup e um Châteauneuf-du-Pape, ambos 2002.

Dois grandes vinhos gastronômicos, procedentes de vinhedos que chegam até 90 anos de idade e de maturação media de 1 ano e meio em barricas de carvalho francês.

O primeiro mais encorpado, intenso, potente, de grande complexidade.

Já o segundo ganhou em elegância: corpo mais leve, aroma mais floral e na boca alguma especiaria.

Claro que adorei o Châteauneuf-du-Pape, mas o meu preferido da noite foi Pic Saint-Loup (o que depois com os preços revelados se demonstrou ser o mais caro), mas talvez o melhor custo/beneficio seja o Ventoux para sua cara de “curinga” que pode harmonizar com vários pratos e até pra beber sozinho.

Confere abaixo os preços médios de venda:

Chardonnay: R$ 55,00
Rosé: R$ 50,00
Ventoux: R$ 60,00
Pic Saint-Loup: R$ 210,00
Châteauneuf-du-Pape: R$ 165,00

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Vinho vs. saúde: mais uma a favor do vinho

Mais uma descoberta para adicionar aos já inúmeros efeitos benéficos do vinho.

Pesquisadores da Universidade Johns Hopkins de Baltimore (Maryland, EUA) afirmam ter descoberto o modo em que o consumo de vinho tinto pode proteger o cérebro contra danos em consequencia de um acidente vascular cerebral.

Duas horas após ter alimentado camundongos com uma dose modesta de resveratrol, um composto encontrado nas cascas e sementes das uvas tintas, os cientistas induziram um avc isquêmico basicamente cortando o fluxo de sangue para o cérebro dos animais. Eles descobriram que os animais que tinham ingerido preventivamente o resveratrol sofreram danos cerebrais significativamente menores dos que não tinham recebido a medicação.

Sylvain Doré, Ph.D., professor de anestesiologia, de medicina intensiva, farmacologia molecular e ciências na Johns Hopkins School of Medicine, diz que o estudo sugere que o resveratrol aumenta os níveis de uma enzima (heme oxigenase), já conhecido por proteger feito escudo as células nervosas no cérebro de eventuais danos.

Enfim, coitados dos ratinhos, mas a ciência não pode parar, e esta outra boa noticia para os enofilos é para se comemorar com um brinde de um belo tinto, que nos protegerá dos males...!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Frase do dia (pensamentos di-vinos)














“Nunca confie em um homem que não bebe”

                                                          (William Claude Dukenfield)

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Avaliação gringa: chileno com sotaque francês

Já comentei este vinho no ótimo blog do amigo André Rossi (Enodeco) e me pareceu adequado que esta minha avaliação figurasse também no meu blog.

A vinícola dispensa apresentações, fundada pela família francesa Marnier (a do famoso licor Grand Marnier), produtora do ícone Clos Apalta, escolhido como melhor vinho do mundo em 2008 pela Wine Spectator.
Este “Casa” apesar de ser a linha básica (na verdade existe uma linha ainda inferior, chamada Santa Alvara, mas não é vendida no Chile, sendo elaborada especialmente pelo mercado brasileiro e outros mercados menores) é com certeza um rótulo notável. Vamos ver os detalhes:


Vinho: Casa Cabernet Sauvignon

Safra: 2006

Produtor: Casa Lapostolle

País: Chile

Região: Vale do Rapel

Importadora: Mistral

Custo médio: R$ 42,00

 
 
 
 
Este vinho leva sempre pelo menos 85 % de Cabernet Sauvignon, sendo que o restante 15% è um corte que varia de safra em safra, para conferir maior estrutura e intensidade.

A safra 2006 que eu bebi levava 6% de Carmenere, 6% de Petit Verdot e 3% Cabernet Franc.

No copo apresentou uma cor rubi escura brilhante, no nariz aroma de fruta madura tipo cereja com toque de tostado e baunilha (que vem dos 10 meses de maturação em barricas de carvalho francês), na boca muito bem equilibrado, bom corpo, bastante macio e um discreto final.

Pelo custo me pareceu uma ótima barganha.

Voto gringo: 7

Frase do dia (pensamentos di-vinos)
















“Quem só bebe água tem um segredo a esconder”


                                                                          (Charles Baudelaire)

domingo, 18 de abril de 2010

Novas tendências: bottle sharing. Quer rachar uma garrafa?

Usando como gancho a Vinitaly fiquei interessado sobre uma nova tendência que foi debatida durante a feira: a tal do bottle sharing.

A idéia é muito simples: quantas vezes já aconteceu que em um restaurante terminou o jantar, mas ainda tem vinho na garrafa? Se pra você uma garrafa é muito e uma taça é pouco, então talvez esta seja uma solução que possa atrair sua atenção.

Vinitaly discutiu um novo estilo de consumo: a partilha de uma garrafa de vinho entre comensais que não se conhecem, mas que têm os mesmos gostos.

Não é certamente fácil de aplicar. O sommelier precisa ter certeza que o cliente caia dentro do perfil adequado. Tem que sondar as diferentes preferências, verificar os rótulos e, em seguida, fazer uma proposta: uma garrafa para compartilhar que satisfaça igualmente gosto e preço.
E obviamente o cliente deve estar aberto e ter senso de ironia, claro. Porque dividir uma garrafa de vinho significa também compartilhar palavras, comentários e piadas, talvez sobre o próprio vinho.

Mesmo sendo uma novidade absoluta, a iniciativa esta tendo já um discreto sucesso nos restaurantes da Toscana por exemplo nas mesas de duas pessoas ou quando o cliente esta sozinho. Isto porque muitas vezes casais ou pessoas que viajam a trabalho renunciam a saborear alguns rótulos porque já sabem que não iriam beber uma garrafa inteira.

Não sei se esta pratica vai se difundir no mundo, mas achei interessante, sobretudo pelo Brasil, vistos os preços muitas vezes absurdos praticados para os vinhos nos restaurantes.

Claro que depende da ocasião (porque se esta querendo um jantar romântico não da...), mas afinal é uma maneira divertida também para harmonizar cada prato com um vinho diferente, economizar, evitar álcool em excesso e também para conhecer outras pessoas, fazer novas amizades e, porque não, até algo mais...!

sexta-feira, 16 de abril de 2010

A maior barrica do mundo

Seu registro oficial foi feito durante o primeiro dia da feira Vinitaly 2010, tida em Verona esta semana: ela é chamada de "Magnifica" e é a maior barrica de afinamento do mundo.

Produzinda pela Garbellotto será utilizada para o envelhecimento do Amarone della Valpolicella da vinícola Tommasi.

Para obter-la foram usados 5.000 kg de carvalho, por um volume total de 40 metros cúbicos e uma capacidade de 33.300 litros!!!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Frase do dia (pensamentos di-vinos)




Uma refeição sem vinho é como um dia sem sol."

> Jean Anthelme Brillat-Savarin

Avaliação gringa: gatos californianos em Mendoza

Bom, seria banal começar a coluna com um vinho italiano, não è? Então para não ser banal escolhi um vinho duplamente gringo. Duplamente porque é um vinho feito por um americano na Argentina. Vamos lá.



Vinho: Felino Malbec

Safra: 2008

Produtor: Viña Cobos

Pais: Argentina

Região: Mendoza (Luján de Cuyo)

Importadora: Grand Cru

Custo: R$ 70,00

 
 

Paul Hobbs é um dos mais cultuados nomes da enologia dos Estados Unidos (e do mundo); produz vinhos soberbos na Califórnia (somente em safras especiais) e resolveu ampliar os próprios negócios tentando trazer o melhor do terroir de Mendoza.

E parece estar conseguindo. A Viña Cobos é a vinícola da America Latina mais pontuada pela imprensa internacional (o Cobos Malbec 2006 recebeu a beleza de 99 pontos pelo amado/odiado Robert Parker).

Este Malbec é da línea base “Felino” e recebeu 91 pontos pelo crítico americano.
Independente disso me impressionou positivamente. É o protótipo de vinho do novo mundo: muita fruta, encorpado, macio, bastante álcool e uma leve doçura no final.
No nariz uma explosão de fruta madura (fiquei alguns minutos só nos aromas, farejando o copo feito cão anti-droga) sensação que se confirma na boca, junto com algo tostado. Bom corpo, taninos redondos, equilibrado e com uma boa estrutura, conseqüência do amadurecimento de 8 meses em barrica de carvalho francês e americano (21% novos).

Afinal achei um vinho muito agradável e fácil de beber, um bom jeito de conhecer a enologia do Paul Hobbs cujos vinhos californianos costumam ser bem mais caros.

Voto gringo: 8

Critérios de avaliação gringa

Pardon, antes de começar gostaria somente de esclarecer umas coisas (devem já estar me achando chato não è?)

Pessoalmente não gosto destas pontuações tanto na moda, pois acho que cada vinho tem a própria singularidade e expressão (devem já ter notado como um RP91 é diferente de um outro 91 do mesmo crítico), enfim, além da nota ser exclusivamente pessoal, não da para ter critérios únicos para uma avaliação homogênea.

Mas como hoje em dia o mercado pede este tipo de competição e as pessoas têm sempre menos tempo, no limite do possível se for um vinho pontuado irei colocar as notas. E pelo mesmo motivo vou colocar também a minha nota pessoal (voto gringo), assim que quem de vocês não tiver saco para ler todas as bobagens que escrevo, pode ir diretamente ao fundo do post e ver qual a minha avaliação em números.

Não sendo Robert Parker, nem Jancis Robinson (neste caso teria até que mudar de sexo antes!), nem o Gambero Rosso, nem o Decanter, graças a Deus não tenho que avaliar os vinhos em escala 50/100, nem em 0/20, nem em 1-3 bicchieri e nem em 1-6D.
Então não vou inventar nenhuma nova escala para fazer pose e vou avaliar os vinhos na mais clássica escala de notas, aquela que aprendemos desde pequenos na escola:
de 1 a 10.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Intro: Itália > Brasil

Primeiramente uma introdução e uma pequena apresentação de mim.

O titulo do blog não è casual.

É uma citação ao ótimo filme/documentário “Mondovino” do cineasta/sommelier Jonathan Nossiter.
A partir desta idéia, sendo eu italiano morando no Brasil, quis colocar o titulo por metade em italiano e por metade em português. E isto vai refletir também o meu estilo de escritura, pois vivendo no Brasil somente há três anos, vai ser certamente repleto de erros de português e peço desculpa por isso. Será um blog, vamos dizer, em “portuliano” (ou italiês, se preferem).

Porque decidi de escrever um blog sobre vinhos então?

Bom, a minha paixão por vinhos é bastante antiga: come vocês sabem a Itália é um dos maiores produtores desta milenária bebida, e o vinho faz parte da cultura nacional: a gente nunca senta para comer sem ter um bom vinho na mesa e desde criança fui criado praticamente a base de massa e vinho.

Crescendo andei me apaixonando sempre mais e fiz um curso para sommelier lá na Itália, para aprender mais sobre uva, técnicas de produção, degustação, harmonização etc., e mesmo assim não paro de ler, estudar, procurar novas informações e aprender mais sobre o “fermentado de uva”.

Mesmo tendo maturado um bom nível de conhecimento, não tenho a pretensão de ensinar nada a ninguém, existem muitos blogs que fazem isto muito bem. Muito pelo contrario eu pretendo aprender mais de vocês , trocar opiniões, idéias, enfim ter um papo saudável sobre nossa amada bebida.

Basicamente o negocio será o seguinte: eu provo um vinho e escrevo as minhas impressões, que são totalmente pessoais, lembrando que o melhor vinho é o que você gosta!

Tentarei de dar mais informações possíveis sobre o rotulo degustado e não faltarão também notícias, considerações, comentários, tudo de maneira muito descolada e despretensiosa e, possivelmente com uma dose de bom humor.

Bom, chega por enquanto de conversa chata e vamos direto para o assunto que mais interessa.

Cin Cin (in italiano se pronuncia como “tin-tin”)!